17.6.21

O PR, a pandemia e os sinais errados para o seu controlo

Por C. B. Esperança

Com indícios alarmantes a prenunciarem nova vaga de contágios, de difícil contenção, não podem os responsáveis políticos dar sinais errados à população, ansiosa de retomar a vida normal e de compensar longos meses de restrições.

O país, especialmente a região de Lisboa, com o número de novos infetados a disparar e o R (t) e o número de mortes a aumentarem, está a regressar à angústia e a comprometer os esforços de relançamento económico.

A comemoração de um campeonato de futebol, com alguma incúria das autoridades, foi o início de uma vaga de leviandades, multidões que violam os mais elementares deveres de respeito das normas sanitárias, comprometendo a saúde própria e a coletiva.

A recente provocação de um partido político (IL), cujos direitos políticos lhe garantiram a liberdade de manifestação, além da graçola boçal de atirar setas a adversários, impeliu militantes, e a população ansiosa de se divertir na data tradicional de um popular arraial, a desprezarem as recomendações sanitárias das autoridades e a ajudarem a disseminação das infeções.

Perante a difícil situação sanitária nem o PR teve a ponderação que as funções exigem, e deu um sinal errado com declarações infelizes que o prestígio e a popularidade agravam. Ao declarar que “comigo o país não volta atrás, no confinamento, comigo nunca mais”, contrariou a pedagogia das autoridades de saúde e exerceu uma intolerável pressão nas decisões que cabem ao Governo.

A benevolência de que goza nos média permite-lhe não ser confrontado com a enorme leviandade das declarações e, do mal feito, ficou apenas, como ruído, a gratuita ofensa ao PM, por reprodução de declarações de virologistas, em linha com anteriores decisões do Governo.

Não se sabe se o PR tem agenda oculta, mas a deselegância da bravata e, sobretudo, a infelicidade das declarações acima referidas, são a nódoa indelével na sua magistratura de influência e um enorme perigo na política de combate à pandemia.

O pior que pode suceder a Portugal é tornar-se o PR, garante do regular funcionamento das instituições, ator partidário ou, levado pelo narcisismo, um perturbador, pondo nas suas ações o peso da popularidade e da simpatia que granjeou.

Ponte Europa / Sorumbático 

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