21.1.05

«Cinco medidas...»- propostas de Carlos Pinto Coelho

Cinco medidas para o Serviço Público de Televisão:

1. Nomeação do Presidente da RTP ( só ele, não os restantes membros da Administração) pelo Parlamento, por maioria qualificada, de entre candidatos que apresentem um programa de acção pormenorizado para 4 anos.

2. A RTP na tutela de um Ministro da Cultura influente junto do primeiro-ministro e dos seus pares. (Como na maioria dos países da Europa ocidental).

3.Criação de um Conselho para o Audiovisual apetrechado com poderes robustos de preservação da qualidade do serviço público, exigível a qualquer antena de televisão, pública ou privada. (No modelo do CSCA francês).

4.Criação de uma empresa, exterior à RTP, para gestão e coordenação de conteúdos dos dois canais internacionais de televisão pública: um generalista e outro especificamente dirigido a audiências lusófonas.

5.Criação de uma Secretaria de Estado da Lusofonia, no Ministério da Cultura, tutelando a empresa dos canais TV internacionais; o Instituto Camões; o Instituto da Cooperação e o Instituto do Livro e das Bibliotecas. NÃO um mecenas mas um aglutinador de energias e conteúdos, planificando a exposição universal da cultura portuguesa.

19 Jan 2005

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Crónica de Carlos Pinto Coelho Para A CAPITAL de 23 Jan 05

CINCO IDEIAS E UM PECADO

Defendi esta semana, num encontro sobre a cultura e o audiovisual promovido pelo Partido Socialista, cinco ideias de mudança em dois territórios que me são próximos: o serviço público de televisão e a chamada lusofonia.

Dessas cinco ideias, uma mereceu particular controvérsia, nos dias seguintes.

Defendi que o presidente da RTP (agora também da RDP) passe a ser designado pelo Parlamento, por maioria qualificada.

O presidente e só ele, não os restantes membros da Administração.

A escolha de uma equipa que se queira coesa deve pertencer a quem depois responderá por ela.

Esse presidente sairia de um punhado de candidatos, avançados pelos partidos, escolhido em função da competência para gerir as delicadas matérias do audiovisual e de um minucioso projecto de acção para quatro anos.

A memória dos melhores tempos de gestão da RTP demonstrou ser esse o tempo razoável para a execução de um trabalho consistente.

Defendi que a tutela do serviço público do audiovisual transite, como noutros países da Europa ocidental, para o Ministro da Cultura. Mas um ministro com prestígio junto do primeiro-ministro e dos seus pares.

Para que o audiovisual não saísse penalizado pela atávica insensatez com que os governos tratam os orçamentos da Cultura, que em Portugal não chegam sequer a um por cento do OE.

Defendi a transformação da Alta Autoridade para a Comunicação Social, que tão bem tem cumprido apesar das suas limitações, num Conselho Superior para o Audiovisual robusto e equipado de poderes consentâneos com a modernidade.

Defendi que as actuais RTP Internacional e RTP África, dois projectos muito longe do desejável, sejam entregues a uma empresa autónoma de capitais públicos.

A exemplo de França, com o sucesso do Canal France Internacional e da TV5 geridos com estrutura e orçamentos próprios, os nossos dois canais de difusão por satélite seriam governados por quem os transformasse em antenas de prestígio para Portugal.

… E essa empresa reportaria a uma Secretaria de Estado da Lusofonia, no âmbito do Ministério da Cultura. Era a minha quinta proposta.

Chamei-lhe “ da lusofonia” porque não tenho fantasmas na cabeça, como os franceses com o seu Ministério da Francofonia, mas não é o baptismo que me fascina, antes o propósito e o seu simbolismo.

O propósito seria o de aglutinar eficazmente todas as políticas possíveis para afirmar Portugal no mundo.

E ali estariam, coordenadas e em sinergia, além dos canais internacionais de televisão e de rádio, o Instituto Camões, as acções culturais do Instituto para a Cooperação e talvez mesmo o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas.

O simbolismo residia no acolhimento formal da ideia lusófona pelo aparelho do Estado. A utopia ao poder.

Nos dias seguintes vieram reacções e comentários.

E percebi então que, das minhas cinco ideias, quatro eram razoavelmente consensuais e uma era razoavelmente pecaminosa: a da Secretaria de Estado.

Porque nunca o espírito corporativo das Necessidades aceitaria perder dois dos seus institutos, porque este é o pior momento para tirar os olhos do umbigo e lançar vistas para outros horizontes, porque a Europa é a nossa prioridade unívoca, porque, porque…

Mas houve duas frases (pela Internet) que foram particularmente expressivas.

“ Língua e Mar temos demais para o que somos neste momento”- escreveu-me uma amiga.

E outro, quando tentei argumentar com a força mobilizadora das utopias, em que creio:

“Tretas, meu caro.”

Assim estamos.

23 de janeiro de 2005 às 11:09  

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