11.5.05

Cada terra com seu uso...

TALVEZ por simetria com o que sucedeu ao desafortunado Ivo Ferreira, aqui vemos um ocidental a prender um cidadão do Médio-Oriente por fumar haxixe... na sua própria terra!

A legenda da imagem (Corbis) é: «A U.S. soldier talks to handcuffed Iraqi (...) who was arrested for smoking hashish in a central street in Baghdad, June 4, 2003. Soldiers said they arrested (...) to give an example to other youths (...)»

MAS AGORA que o cineasta foi libertado já se pode falar do assunto mais à-vontade.

Como se sabe, ele arranjou sarilhos essencialmente por dois motivos - um certo e outro menos certo:

O certo, é a incrível legistação do Dubai - que prevê 4 ou 5 anos de cadeia para quem fume um charro - mesmo no recato da sua casa. O duvidoso, é que ele talvez não soubesse que era assim naquela terra.

Podemos imaginar, por absurdo, que um abastado afegão venha viver para o nosso país e queira fazer a sua plantação de papoilas no quintal e ter um rapazinho na cama. O mais certo será arranjar sarilhos, embora alegue em sua defesa que na terra dele não teria problemas; e todos nos lembramos daquele castiço (responsável por escolas de condução!) que reclama para si o direito de andar a 220 km/h em Portugal porque na RFA isso é permitido.

Mas, já que falamos da Alemanha, aqui fica um relato de uma cena desagradável em que me vi envolvido nesse país:

Em 1990, ia eu num carro conduzido por um colega habitualmente residente na África do Sul, quando fomos mandados parar pela polícia: íamos a 65 km/h, num local em que a velocidade máxima permitida era de 50 km/h.

Nem soubemos de onde "eles" apareceram, mas tudo se teria resolvido com o pagamento (imediato, claro!) de 30 Marcos se o condutor tivesse consigo os documentos - o que não sucedia.

Fomos então ambos identificados via-rádio e ele revistado e tratado como um verdadeiro suspeito. Depois, e enquanto eu ficava no local-do-crime à espera, a polícia levou-o no carro-patrulha até sua casa para verificar a existência dos documentos. E, no dia seguinte, o infeliz ainda teve de ir à esquadra prestar declarações e pagar nova multa.

Queixava-se ele, depois, para quem o queria ouvir, que na África do Sul não era assim - e os portugueses que o escutavam compartilhavam a sua tristeza exibindo o seu «porreirismo solidário».

Quanto aos alemães, só comentavam: «Coitado... Ainda não percebeu que não está na terra dele...»

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(Publicado, com destaque, um extracto deste texto no jornal «metro» de 12 Maio 05)

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há cerca de 200 portugueses presos no mundo todo, pelos mais diversos delitos.
No entanto, este jovem "caiu no goto" dos media, e até é tratado como um herói (o que não admira, pois foi assim que foi tratado o gajo do pontapé no Big-Brother).
Diz agora o rapaz que "vai passar a informar-se das leis dos paises antes de lá ir".
Como parece que isso é uma coisa que não lembrava a ninguém, essa genial declaração está a fazer "manchete" nos jornais!

Ed

12 de maio de 2005 às 16:40  

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