O glorioso Sarrafusquense F. C.
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UM DIA DESTES, deparei-me com um bando de garotos que, no meio de grande algazarra, perguntavam a quem passava se era do Benfica ou do Sporting.
As pessoas, em geral, achavam-lhes graça e lá respondiam uma coisa qualquer - ou a verdade, ou o que lhes vinha à cabeça - só para se verem livres deles.
Mas a cena mais engraçada passou-se com um estrangeiro que, por mais que se esforçasse para ser simpático, não o conseguia porque, pura e simplesmente, a pergunta não lhe dizia nada - aliás, nem sequer a percebia.
O pior é que os putos não o largavam! Talvez encorajados por verem que ele só se ria, iam atrás dele, em grande grita, puxando-lhe pelo casaco e continuando a questionar: «Ó senhor! Ó senhor! Você é Benfica ou Sporting? É Benfica ou Sporting?».
Até que um velhote, que ia a passar, se condoeu do homem e respondeu por ele, inventando uma resposta libertadora: «Não macem o cavalheiro! Ele é meu amigo, e sei que não é do Benfica nem do Sporting. É do Sarrafusquense».
Depois de uma primeira reacção de incredulidade, todos se riram (até o estangeiro, que pareceu perceber a graça), cada um foi à sua vida, e a brincadeira - pelo menos essa - acabou.
Salvo melhor opinião, é uma coisa semelhante o que se prepara para o referendo europeu - e, neste caso, a "brincadeira" ainda agora vai no início, porque querem por força que respondamos "sim" ou "não" a uma questão sobre a qual ninguém se dá ao incómodo de nos esclarecer...
6 Comments:
Uns, gritam que votemos "sim", mas não explicam porquê.
Outros, berram que votemos "não", mas são tão esclarecedores como os primeiros.
Tanto uns como outros, querem que votemos juntamente com a escolha dos senhores para a Junta de Freguesia!
Não estará tudo doido?
Ed
E que tal votarmos no Sarrafusquense?
D.
Não sei se o Pacheco Pereira tem razão ou não.
O que sei, é que quando aparece alguém a defender o «não», os outros do «sim» desatam aos saltos.
E isso só pode ser bom, pois tanto uns como outros são obrigados a explicar porque defendem uma coisa ou outra.
Mas as pessoas vão acabar por votar segundo mandam os partidos em que normalmente votam.
Sendo um voto «não-esclarecido», só pode ser uma farsa, um arremedo de democracia.
E.R.R.
Ainda esta semana Vital Moeira declarava uma "heresia":
Ao contrário do que possa parecer, um referendo pode não ter nada de democrático.
A começar pelo facto de votar sim-ou-não em questões que não são bi-polares.
Não há conversa mais irritante do que quando o interlocutor nos faz uma pegunta e nos dá a lista das únicas respostas que aceita (nomeadamente se são S/N).
"não explicam porquê"
E que tal ler a constituição? Não funcionará? Fica tudo esclarecido... para o sim, para o não, ou para alguma coisa intermédia. Talvez colocar a cruzinha a meio...
Claro, ler a Constituição é fundamental. Aliás, só deverá votar que a tiver lido toda.
Embora seja um pouco mais longa do que a da República Portuguesa, não é nada que esteja fora do alcace do cidadão-comum.
Apenas será necessário fazer uma edição em "braille" ou em CD-audio para não haver discriminações que penalizem cegos e gente com dificuldades de leitura.
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