Ainda Millôr Fernandes
Para ilustrar este poema de Millôr Fernandes, fiz uma pesquisa na Corbis (que costuma ter tudo) - deu ZERO resultados.
Uma outra pesquisa, só com «Millor», deu apenas UM - este que aqui se vê (um jogador com esse nome).
POEMA MATEMÁTICO
Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.
(...)
---
(O poema completo está em «Comentário-1»)
6 Comments:
POEMA MATEMÁTICO
Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a do Ápice à Base
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.
"Quem és tu?" indagou ele
Em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa.
"E de falarem descobriram que eram
(O que em aritmética corresponde
A almas irmãs)
Primos-entre-si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Retas, curvas, círculos e linhas senoidais.
Nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxosdas fórmulas euclideanas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
Constituir um lar.
Mais que um lar,
Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações ediagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até aquele dia
Em que tudo vira afinal
Monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
Freqüentador de círculos concêntricos,
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma grandeza absoluta
E reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais um todo,
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
Tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
A mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
E tudo que era expúrio passou a ser
Moralidade.
Como aliás em qualquer
Sociedade.
--
Há várias versões deste poema (com pequenas diferenças). Esta é a de "Tempo e Contratempo", Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954, publicado com o pseudônimo de Vão Gogo.
Perfeito! O Google é espantoso!
Bem... na realidade, aqui no blogue já está uma foto do homem, a propósito de outro poema.
No entanto, como comecei pelo arquivo Corbis, acabei por decidir realçar o facto de NÃO HAVER NADA acerca dele nesse arquivo.
Achei que valia a pena mostrar que (lá como cá) um jogador de bola pode ser "mais importante" do que um poeta...
O Corbis não conheço.
Talvez o Google
Aqui fica um exemplo da busca -http://www2.uol.com.br/millor/
:)
Parabéns pelo blog.
Caro "Alter ego".
Obrigado, quer pelas suas palavras, quer pela informação.
No entanto, o assunto está referido nos 2 comentários anteriores (em que um leitor também refere o Google).
Quanto ao Corbis (www.corbis.com), vale bem a pena tê-lo nos "Favoritos".
É um arquivo especializado em imagens de alta resolução (e sobre quase tudo - daí, a minha paródia ao facto de não ter nada sobre o Millôr).
Além disso, o Corbis aceita pesquisas em inglês e português.
Eu é que agradeço quer a sua visita como a chamada de atenção para o meu erro.
Existe ainda um programa de pesquisa que poderá interessar-lhe - Copernic
(http://www.copernic.com).
Obrigado pela informação!
Pelo que vi, é preciso fazer um "download".
Mas assim que possa vou experimentar.
Um abraço
do
CMR
Enviar um comentário
<< Home