19.6.05

Malabaristas abalizados

A NOVELA acerca do valor do défice já enjoa, mas agora ainda apareceu uma variante, segundo a qual Bagão Félix terá informado Santana Lopes de que o respectivo valor era de 6,4%, e este escondido o facto aos portugueses.

Não vamos agora retomar o tema do rigor pois, como se sabe, há valores (como este) com uma casa decimal, o actual (de 6,83) com duas, e até já houve um (o caricato 2,944) com três.

O interessante é que viemos entretanto a saber que o famigerado 6,83 é apenas "uma estimativa", querendo significar que «não é o valor actual, mas sim o que será... se não se fizer nada».

É como começar por dizer que perdemos o jogo por sete-a-zero e depois corrigir:

«Não, o jogo ainda mal começou. Sete-a-zero é o resultado previsto... se tirarmos o guarda-redes».

Perante tal genialidade, haverá certamente quem corrija:

«Eu sou mais exacto, prevejo que percamos por 6,83-a-zero».

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bem apanhado

E.R.R.

19 de junho de 2005 às 11:51  
Anonymous Anónimo said...

Com mais rigor o que aconteceu foi que um treinador de bancada disse: "Pessoal, a jogar assim vocês perdem por 6,83 a zero", dado a táctica definida tinha-o sido em março de 2004.

20 de junho de 2005 às 14:22  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Falando claro:

Isso (dizer que os 6,83 eram uma previsão, e o valor do défice se nada fosse feito), era o que ele, Constâncio,devia ter dito, de facto.

Mas o que ele e o Governo fizeram foi passar para a opinião pública
que esses era o défice ACTUAL.

Tratou-se de um malabarismo (acompanhado de uma encenação rasca - porque nem sequer foi inédita!) que só mais tarde foi reconhecido como tal.

Aliás, a tentativa de tratar o povo português como uma "troupe" de atrasados-mentais já tem velhas tradições.

21 de junho de 2005 às 09:40  
Anonymous Anónimo said...

Meus caros

A palhaçada (ou burla infame?) que Durão Barroso protagonizou (ao prometer a baixa de impostos para depois os subir) parecia ser irrepetível, não parecia?
Pois aí tivemos a repetição (palavra-por-palavra e nos mais ínfimos pormenores), de toda a encenação!
E devemos tirar o chapéu aos autores e actores da comédia pois, como bons artistas que são (apesar de a peça ser uma chachada), conseguiram fazer tudo sem se desmancharem a rir.
Entretanto, nós choramos a triste sina de ter políticos assim.

E.R.R.

21 de junho de 2005 às 09:52  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Lê-se na imprensa de hoje:

«O Ministério das Finanças responsabilizou esta quarta-feira o governo anterior pela actual situação de défice excessivo da economia portuguesa».

Lê-se na imprensa do tempo da campanha eleitoral:

«Não culparemos o Governo anterior (...)»

Palavras para quê?
São os artistas portugueses que temos...

22 de junho de 2005 às 17:21  

Enviar um comentário

<< Home