A literacia nacional
NUMA pesquisa de imagens para ilustrar este pequeno post encontrei esta, onde aparece um jornal com o saboroso nome de «amena estância».
Escolhi-a, pois a cena que quero contar tem a ver com a literacia nacional e com jornais - e passou-se, precisamente, numa amena aldeia:
Estava eu sentado à sombra de uma oliveira a ler um jornal, quando uma simpática senhora parou e me interpelou, admirada:
- Sempre a trabalhar, senhor Carlos! O senhor não descansa, está sempre a trabalhar!
A minha primeira ideia foi que ela estivesse a gozar comigo - ou apenas quisesse conversar com alguém. Mas, depois de me certificar que não era esse o caso, respondi-lhe:
- Mas estou só a ler o jornal...
- Deixá-lo, - foi a resposta - mas está de férias!
2 Comments:
Ao contrário do que se possa pensar, não se tratava de uma daquelas "velhinhas de aldeia".
Nada disso!
Era uma mulher dos seus 40 anos, e com a escolaridade-obrigatória cuprida.
Simplesmente, a leitura é uma coisa tão afastada dos hábitos das pessoas daquela aldeia, que mesmo o facto de alguém ler o jornal é motivo de espanto e sinal de trabalho ou de grande intelectualidade.
Outra curiosidade, que tem a ver com a forma como os jornais são redigidos:
Nessa mesma aldeia, emprestei um dia o jornal a um senhor.
Ele leu o seguinte, não percebeu, e atirou-o para o lado (e com toda a razão!):
«P.R. interpela P.M. e A.R.».
Enviar um comentário
<< Home