Valentes!
I
NO 60º aniversário da bomba de Hiroshima, Miguel Portas e Vasco Pulido Valente pegaram-se, acantonados cada um na sua coluna de jornal. O primeiro classificando o uso da bomba como «terrorismo de Estado»; o segundo defendendo que foi «um mal menor e necessário».
Armado da pachorra que é sempre indispensável quando somos confrontados com alguém que se acha «dono da verdade» (quanto mais dois ao mesmo tempo!), lá fui lendo - ora um, ora outro. Mas nenhum deles me esclareceu sobre o que li algures:
«Se a bomba de Hiroshima já tinha resolvido o assunto, para que foi, então, a de Nagasaki, logo a seguir? Os mais cínicos dizem simplesmente que já estava feita, era de um género diferente e, já agora, experimentava-se...».
OS leitores que costumam frequentar os fora da Internet sabem como é fácil as discussões descambarem em insultos. Mas, se se for a investigar, descobre-se que, quase sempre, se trata de adolescentes com problemas de borbulhas.
E foi nesses garotecos que pensei quando, porventura à falta de argumentos, Portas chamou «tonto» a VPV, e este lhe respondeu «Não lhe reconheço nem inteligência, nem competência, nem honestidade»...
5 Comments:
Não foi o VPV que se fez eleger deputado pelo PSD para, pouco depois (sobranceiramente enfastiado) mandar às urtigas a confiança dos eleitores e abandonar o hemiciclo?
Para quem se arroga o direito de dar lições de moral aos outros, não está mal.
C.E.
Aquilo que refiro para Nagasaki é apenas um "palpite" cínico que eu li algures, recentemente.
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Mas acho que não deve andar muito longe da verdade.
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Aliás, VPV, inicialmente, só falava de Hiroshima (omitindo sempre a segunda bomba).
Pelo que li nas diversas versões sobre os ataques nucleares ao Japão, a decisão de lançar a segunda bomba (que era pra ser sobre Kokura mas esta foi salva pelas nuvens) foi tomada para mostrar aos generais japoneses que Hiroshima não tinha sido um "acidente". Eu acredito que foi mais "porque sim, e para testar"!!!
Uma das coisas interessantes é que os generais e almirantes americanos se opuseram todos ao seu uso, começando por Eisenhower e acabando em MacArthur. Os politicos esses, estavam com medo que a invasão soviética tomasse todo o Japão antes das tropas US lá chegassem.
Resumindo, os mortos de Hirochima e Nagasaki deveram-se a jogos politicos entre as futuras super-potencias (coisa que se continuou a ver durante os 40 anos seguintes), e à "necessidade" de testar os brinquedos.
FJMMC
Nos tempos da guerra, a ideia de que os japoneses eram uns «chinocas amarelos sub-humanos» também andava por perto.
E.R.R.
Quero chamar a atenção para o facto de que Nagasaki foi a cidade do Japão onde a presença portuguesa mais se afirmou. Há mesmo quem diga que a cidade foi fundada pelos portugueses, o que parece não ser verdade.
O que terá sido verdade foi que a presença dos portugueses foi decisiva para que a aldeia piscatória, que eles encontraram à sua chegada, se tenha transformado em uma das cidades mais importantes do Japão, graças ao comércio que nela se fez.
Os portugueses terão feito de Nagasaki uma cidade diferente das outras cidades japonesas, na forma como o casario se foi espalhando pela encosta sobranceira ao mar, como uma cascata, à semelhança das cidades europeias, e não mais atrás, no planalto, como era norma das cidades japonesas. Por este facto, a parte velha da cidade terá sido relativamente poupada pela explosão da bomba atómica, pois o "sopro" provocado por esta ter-lhe-á passado por cima.
Ainda hoje a influência portuguesa pode ser detectada em Nagasaki, não só por uma maior percentagem de cristãos entre os seus habitantes, mas também pela evocação que todos os anos é feita nas festividades locais, na qual os portugueses são lembrados e representados. Cheguei mesmo a ver na televisão um grupo de crianças japonesas de Nagasaki a cantar a "Rosa arredonda a saia" em português, com um sotaque surpreendentemente pouco carregado...
Veja-se, por exemplo, o que diz a Wikipedia a respeito de Nagasaki: http://en.wikipedia.org/wiki/Nagasaki
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