22.11.05

Que nome dar a esta gente?

EM TEMPOS não muito distantes, acompanhei às urgências de um hospital uma pessoa de família que acabou por lá falecer. Se tivesse chegado alguns minutos antes, talvez se tivesse salvo.

Por isso, é com mal contida raiva que - como hoje voltou a suceder - sou frequentemente despertado pelas angustiantes sirenes de ambulâncias do INEM que não conseguem circular devido à espantosa falta de civismo de meia-dúzia de condutores que estacionam os carros em segunda linha e nas paragens de autocarros da avenida onde resido.
Em consequência, estes (às vezes mais do que um) têm de parar numa das duas faixas de circulação, fazendo com que as filas de trânsito, que já de si são grandes, fiquem ainda maiores e completamente intransitáveis.

Tudo isso, como é do conhecimento público, é feito perante a mais espantosa inacção das autoridades - quer da Polícia Municipal, quer da Divisão de Trânsito da PSP - o que, suponho, também devo agradecer aos sucessivos Presidentes da Câmara Municipal de Lisboa e ministros da Administração Interna.

Sem subterfúgios, e por muito que o custe dizer:

Todas as pessoas que referi são responsáveis, por acção ou omissão pela morte de pessoas.

Isso não lhes tira o sono? Palpita-me bem que não...
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NOTA: Este texto veio a ser publicado no «DN» de 22 Nov 05, no «Público/Local» de 23 Nov e no «metro» no dia 24 Nov

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Talvez um dia um desses senhores (polícias, presidentes de Câmara, ministros) venha a sofrer o problema na pele. Espero bem que sim, pois talvez seja a forma de o problema se resolver.
Curiosamente, em Portugal, a "tolerância" para com o estacionamento-selvagem varia de terra para terra! Há povoações onde as autoridades actuam e outras, como Lisboa, em que mais valia irem para casa descansar.

22 de novembro de 2005 às 16:12  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

É verdade.

Em Faro, a PSP até multa peões que atravessem fora das passadeiras!

Um dia, em Santo Tirso, deixei o carro mal estacionado e pouco depois tinha lá um agente a tratar do assunto.

Um primo explicou-me: «Isto aqui não é como em Lisboa!»

Ou seja: tal como nos EUA, há leis diferentes de estado para estado.

Ou melhor: a lei até é a mesma; o seu cumprimento é que varia conforme as terras...

22 de novembro de 2005 às 16:26  
Blogger Dinada said...

Seremos vizinhos, pelo que li alguns postes abaixo. Eu vivo bem perto da Av. de Roma, no Bairro de S. Miguel (muito perto do INEM) e acho que este bairro é um oásis perdido em Lisboa.

Mas, vá eu para onde for, não consigo fugir ao caos que é a referida avenida ou, ainda pior, a da República, essa sim um caos total.

Enfim...

22 de novembro de 2005 às 17:43  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Então «ainda é mais vizinha» do Carmona Rodrigues...

Simpatizo com ele mas, em termos de trânsito, não parece ter muita vontade em resolver os problemas.

Essa gente, desde que tenha motorista, não sente os problemas do vulgo.

Nesse aspecto, apesar de profundamente vaidoso e irritante, o Carrilho era melhor.

22 de novembro de 2005 às 17:49  
Anonymous Anónimo said...

Ia hoje de manhã, com pressa, para um compromisso profissional a hora certa.De repente... lá estava!Dois senhores automobilistas, que tinham encostado os seus pára-choques, arrogavam-se paralizar por completo a avenida e discutiam pacificamente. O resto do mundo (que éramos umas centenas de pessoas enfiadas nos carros) que se lixasse! O problemazinho DELES era mais importante do que o resto da Humanidade. Este grosseiro e parvalhão provincianismo, só mesmo aqui, em Portugal. Em qualquer país da outra Europa a polícia chegava, multava de imediato os dois paspalhões, ordenava que retirassem os seus carros, e fazia jus aos direitos da comunidade sobre os interesses pequeninos de cada um. Ora isto não levanta uma onda de subversão em Portugal? Não faz abaixo-assinados na internet? Não motiva uma petição nacional ao Parlamento? Não enche os pulmões de quem quer uma vida cívica mais arejada no portugalito? NÃO. (Gaita... amanhã posso ser eu... e quero a avenida toda parada para mim...)

22 de novembro de 2005 às 19:46  
Anonymous Anónimo said...

De vez em quando, lá aparecem uns jornais ou umas cadeias de TV a apanhar políticos e juizes a mais de 200 km/m por aí...

Essa gente não está NADA interessada em resolver os problemas do trânsito.
Têm motoristas (quando não mesmo batedores), não põem os pés num Metro nem num autocarro nem num combóio suburbano...
Vivem num outro mundo - e está tudo dito.

C.E.

22 de novembro de 2005 às 19:58  
Anonymous Anónimo said...

Mas que soberbo comentário este! Gostava de ter sido eu a escrevê-lo! Justo, certeiro e frio. Quero assinar essa petição.

22 de novembro de 2005 às 20:06  

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