Isso depois logo se vê... (*)
ENGANA-SE quem pensa que «Robinson Crusoé» é apenas um livro infanto-juvenil pois, para além de uma leitura ligeira, tem muito mais que se lhe diga; e uma das cenas de que nunca me esquecerei é aquela em que o herói resolve fazer um barco com uma árvore bastante grande que está muito afastada da água.
Esperam-no três desafios: derrubá-la, escavá-la e transportá-la até ao mar.
Deliberadamente, Robinson decide não pensar no último problema e dedica-se com afinco aos outros dois.
Por fim, quando, depois de anos de trabalho, chega a altura de levar a gigantesca canoa para a água... constata que é impossível - o que, aliás, ele já suspeitava desde o início!
Esta é uma das muitas lições que o romance encerra e que devia servir de tema de meditação àqueles que, tão «à portuguesa», pensam que «depois, quando os problemas aparecerem, logo se vê» - o que, segundo diz quem sabe destas coisas (**), vai suceder, p.ex., quando as obras do Aeroporto da Ota começarem a esbarrar em problemas que, actualmente, já são conhecidos - mas em que «depois logo se há-de pensar»...
(**) Carta do Prof. António Brotas, no «Público»
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(*) Publicado no «metro» em 26 Jan 06 e no «Público-Local» em 31 Jan 06
7 Comments:
Parabéns pelo tema, que já vi é recorrente neste blogue (ver tb "Os resolve-dores").
A incapacidade de prever e planear é uma das causas principais do atraso dos povos do Sul da Europa face aos do Centro e Norte. E está profundamente enraizado na nossa idiossincrasia.
Talvez que um dos maiores desafios educacionais e culturais do nosso presente seja precisamente este: como inculcar na mentalidade portuguesa esta salutar característica, sem perder (pelo menos completamente) o nosso talento (excessivo...) para a improvisação e o "desenrascanço"...
A. Castanho,
É um pouco "deformação profissional" - sou eng., dirigi obras e projectos durante 36 anos, e sei bem os custos que acarreta o "não planear".
Então não diga mais. Eu também sou de Civil, só que sempre trabalhei em... Planeamento de Transportes e Planeamento Urbano (desde há quase vinte anos)!
Parabéns pelo seu excelente blogue, interessante, educado, actual e muito cuidado, até nos pormenores aparentemente insignificantes (como o "afixado por"). E, já agora, por que não igualmente "comentários" em vez do termo inglês?
Melhores saudações.
«por que não igualmente "comentários" em vez do termo inglês?»
RE: Na realidade, gastei algum tempo à caça dessas palavras.
Essa não consegui encontrar...
Mas posso voltar a procurar.
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Quanto ao resto:
Obrigado pelas simpáticas palavras!
Abraço
CMR
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Prezado CMR, eu também ainda não eliminei todas as palavras inglesas do meu blog, mas essa já eliminei.
Como o amigo usa o mesmo template do Blogger que eu, julgo poder dizer-lhe que a palavra comment está quatro linhas abaixo daquela que diz -- Begin #comments --. Está logo a seguir a $BlogItemCommentCount$, que é a variável de contagem de comentários.
Um abraço
Denudado,
Perfeito! Já está!
MUITO GRATO!!
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