13.3.07

ACREDITAR EM COISAS ESTRANHAS

UM DOS MAIORES MISTÉRIOS da alma humana é a razão por que algumas pessoas têm uma capacidade quase ilimitada para acreditar em coisas bizarras. O facto é ainda mais grave quando se regista entre professores, pois estes têm como dever transmitir aos seus alunos atitudes racionais e descomprometidas e devem, sempre que possível, educá-los para questionar as razões das coisas. Mas talvez ainda mais grave seja a crendice entre formadores de docentes, pois essa pode multiplicar-se ainda mais. É possível que o leitor se lembre de uma acção de formação de professores discutida há dois anos neste jornal. Nela se ensinava o uso da «energia das cores» e do «conhecimento dos signos dos alunos» para «melhor gerir a sala de aula».
Infelizmente, a crendice não desapareceu. Numa acção recente, de resto interessante, um dos palestrantes falou dos místicos que conseguem fazer as moléculas de água sorrir. Mostrou, imperturbável, a fotografia de uma gota de água, dizendo tratar-se de uma molécula normal. Em seguida mostrou uma fotografia de um belo cristal de gelo, que seria a molécula depois de lhe falarem. Concluiu que é importante falar aos alunos, pois sendo o corpo humano 70% de água, também eles, alunos, sorririam. Espantoso! Além da crendice, a ignorância: uma gota de água tem um número imenso de moléculas, cerca de 2 seguido de 21 zeros, mais do que o número de pelos e cabelos de todos os humanos do planeta, contados desde que existem homens sobre a Terra. E é claro que as moléculas de água não sorriem nem se transformam com a nossa meditação. Nós, que pensamos, é que devemos reagir perante estes exemplos.
Adaptado do «Expresso»

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