Sopradores e endireitas
EM TERMOS PURAMENTE HISTÓRICOS, pode não fazer muito sentido acusar George W. Bush pelo facto de os argumentos usados para invadir o Iraque se terem revelado falsos - pois, quando alguém provoca uma guerra, raramente alega as razões verdadeiras, preferindo recorrer a pretextos. Claro que políticos minimamente inteligentes têm o cuidado de escolher alguns que, pelo menos, sejam verdadeiros - mas, neste caso, talvez isso já fosse pedir muito.
O certo é que veio agora Hans Blix (o ex-inspector da ONU que andou pelo Iraque a procurar, em vão, as supostas Armas de Destruição Massiva - ADM) dizer que, no seu relatório, os «??» haviam sido substituídos por «!!», como se frases do género «As ADM existem?» tivessem sido convertidas em «As ADM existem!».
É possível que nunca se venha a saber quem foi o pândego que se entreteve a brincar às línguas-da-sogra (artefacto que, quando enrolado, parece um «?» e que, depois de soprado, parece um «!»), pegando em pontos-de-interrogação e desatando a "endireitá-los". Mas o que não há dúvida é que foi alguém "de direita"...
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Adivinha: qual a semelhança entre a personagem principal do romance «O Nosso Agente em Havana» e o cavalheiro que aqui se vê com um tubinho na mão?
2 Comments:
A história do Agente em Havana passa-se ainda antes da revolução castrista:
Um pacato cidadão, vendedor de aspiradores, acaba por ser contratado como espião e desata a inventar perigos onde eles não existiam.
Para dar maior credibilidade ao que escreve, começa a juntar desenhos aos relatórios, para o que usa, como inspiração, peças de aspirador.
Quem os recebe, não sabendo em que escala estão, vê neles coisas terríveis (ADM?), e lá vai pagando ao agente.
No fim, apesar de se descobrir que aquilo tudo eram mentiras, não lhe acontece nada de mal...
Certo
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