24.9.07

ELOGIO (MODERADO) À ASAE

Por Ferreira Fernandes
A ASAE dá-me sentimentos contraditórios. Vejo as vendedoras do mercado da Costa Nova, Ílhavo, a chorar o marisco cozido que lhes levaram das bancas, e indigno-me: os malandros! Lembro-me, depois, da intoxicação de várias pessoas por causa do marisco vendido ali, há três anos, e o apreciador de camarão que sou suspira de alívio e aplaude os fiscais.
Tenho de me definir: ASAE, amo-a ou deixo-a? E, quando chego a esta conclusão (é, há conclusões dubitativas), verifico que a ASAE acaba de ganhar o seu combate. Que um departamento de funcionários me coloque em dilema pela sua actuação significa que lhe reconheço este patamar: ele actua. É meio caminho andado para eu gostar dele ou não gostar. Um patamar infinitamente superior aos departamentos de Estado de que, não me dando conta deles, nem posso saber se desgosto.
Relembrando o sempre citado governador brasileiro Adhemar de Barros ("roubo mas faço"), a ASAE tem o mérito de meter o pé na argola mas fazer.
«DN» de 24 de Setembro de 2007-[PH]

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5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sem por em causa a necessidade das inspecções da ASAE, pergunto-me por vezes se não haverá algum exagero. Afinal quantas dos nossos lares (ou lares dos Inspectores), passariam incólumes numa inspeção. Se tivesse que apostar, apostava que nenhum.

24 de setembro de 2007 às 13:06  
Blogger bananoide said...

Atente-se nesta notícia:

http://dn.sapo.pt/2007/09/23/cidades/venda_peixe_proibida_falta_agua_corr.html

A Câmara Municipal da Marinha Grande disponibiliza o espaço (pelo qual as vendedoras pagam uma licença), mas não disponibiliza as condições necessárias para que as vendedoras vendam o peixe.

A ASAE inspecciona (e bem) e encerra o mercado. Abre-se um espaço provisório, referido na notícia, igualmente sem condições. Novamente a ASAE inspecciona e não deixa vender. Foram sensíveis e não apreenderam o peixe, porque está em boas condições e as vendedoras seriam duplamente penalizadas. Mas o prejuízo existe. Por culpa de quem ? Das vendedoras, a quem não são disponibilizadas condições de trabalho, apesar de pagarem para isso? Não! Por culpa da Câmara Municipal, que deveria disponibilizar essas mesmas condições.

Barros Duarte, Presidente da Câmara, segundo a notícia, congratulou-se por "em 48 horas, nestas tendas provisórias (...) ter melhores condições do que há em Pataias (concelho de Alcobaça) e na Maceira (Leiria) ou em concelhos da região de Lisboa". O Sr. Barros Duarte esqueceu-se foi de dizer que as condições criadas não servem rigorosamente para nada!!!

A juntar a isso, podem juntar a verdadeira palhaçada de existir um edifício NOVO para o mercado, construído de raíz, que NUNCA foi utilizado como mercado, porque não tem licença para tal, por FALTA DE CONDIÇÕES. Ok, vamos então fazer obras e criar essas condições? NÃO! Porque essas obras custariam mais do que outras alternativas, fazendo com que um edifício criado de raíz para servir de Mercado Municipal, não veja cumprida a sua função.

Conclusão: na Marinha Grande há 3 locais para as vendedoras venderem o peixe:

- O mercado antigo, que foi fechado pela ASAE, por falta de condições

- As tendas provisórias, onde a ASAE não deixa vender o peixe, por falta de condições

- Um edifício novo, onde não se pode vender o peixe, por falta de condições


Já estou como o outro: deixem jogar o Mantorras, pá!

Um abraço

24 de setembro de 2007 às 16:05  
Blogger R. da Cunha said...

O meu coração balança entre os artigos de Alberto Gonçalves e de Ferreira Fernandes, sendo que me sinto cair para o do segundo.
Haverá exageros da ASAE? Concedo (as bolas de Berlim poderão ser o exemplo?, nem sei). Mas sinto-me mais seguro num restaurante que não conheço (e os que conheço, como serão?) sabendo que a ASAE anda por perto. Não deixo de ficar preocupado, contudo, ao ler que as coimas aplicadas não são cobradas, por qualquer motivo burocratico.
O exemplo da incompetência nesta, como em matérias similares, é o referido por Bananoide, no seu comentário. Há que trazer para a blogosfera estes exemplos, para todos sabermos como andam os nossos dinheiros a ser desbaratados por esse país fora.

25 de setembro de 2007 às 21:53  
Blogger bananoide said...

Este comentário foi removido pelo autor.

26 de setembro de 2007 às 18:05  
Blogger bananoide said...

Mais um exemplo semelhante ao referido por R. da Cunha, das coimas não cobradas. Neste caso, uma multa aplicada e que foi retirada em tribunal, pondo em causa a autoridade da Câmara do Porto:

http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=858231&div_id=291

Neste caso um tribunal "desculpou" uma multa referente a 21 infracções.

Não conheço a história em concreto, mas será que 21 é um número suficientemente alto para classificar alguém como reincidente? Pelos vistos não!

26 de setembro de 2007 às 18:07  

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