4.10.07

Como habitualmente sucede aos sábados, aqui fica o post-aberto para quem o quiser utilizar.



2 Comments:

Blogger Pedro Tomás said...

Mack abriu os olhos com o despertar induzido directamente no seu cérebro pelo computador biónico que tinha lhe tinha sido implantado à nascença. Eram 20:00h, e a temperatura lá fora estava nuns sufocantes 53º C. Ia começar o trabalho às 21:00h, como habitualmente, hora a que a temperatura começava a descer gradualmente para uns amenos 41ºC. A noite de trabalho ia ser agradável.

Levantou-se e colocou os pés no chão. As luzes acenderam-se de imediato. A cama recolheu para a parede, com a sua parte inferior virada para fora, que se ligou automaticamente, mostrando o ecrã com 80 polegadas do Centro Multimédia. As notícias foram imediatamente apresentadas, não porque estava na hora, mas porque os programas de TV funcionavam a pedido e a sua lista pré-programada começava com o resumo de notícias. Primeiro o mundo, depois as nacionais e depois as locais. Avançou em direcção ao WC, e a imagem no Centro Multimédia apagou-se, transferindo-se para o espelho, continuando com as notícias enquanto fazia a barba com a máquina de barbear. Havia poucas novidades. A China tinha derrotado a velha aliança NATO/Varsóvia no combate pelo controlo do Pólo Norte, o sítio onde haviam as maiores reservas de água potável e metano do mundo. Em África, continuava a debandada dos refugiados por causa da seca. O bloco de cerca de 20 países do Leste da União Europeia era o destino, com as suas temperaturas amenas, apesar do controlo fronteiriço apertado.

Tomou o seu duche atmosférico de alta pressão de 5 segundos e vestiu-se rapidamente. Aplicou o protector UV na cara e nas mãos, não se esquecendo da parte trás do pescoço, cuja incidência de cancro era a maior causa de morte a nível mundial. Não tinha tempo para tomar o pequeno-almoço, por isso saiu directamente para o trabalho.

Saiu e desceu no elevador diagonal até dois nós abaixo, no mega-complexo piramidal 14. Era um edifício descomunal, com capacidade para 750.000 pessoas, apesar de não ser o maior da cidade. Com blocos de apartamentos, comércio, serviços e indústria, era uma cidade dentro da cidade. Não havia viaturas pessoais desde o fim do petróleo, cinquenta anos antes, por isso apanhou o tubular até à zona Oeste do complexo.

Enquanto ia sentado no tubular ia pensando no seu trabalho no Centro de Estudos Científicos, que ficava localizado na zona universitária, onde dava aulas e conduzia o Departamento de Investigação Espacial. Ele e a sua equipa andavam, há 4 dias, a tentar decifrar um sinal que tinham detectado. Mas os super-computadores do CEC não conseguiam decifrar aquele simples sinal. Sendo um centro científico de renome mundial, tinham, por exemplo, conseguido decifrar o sinal vindo de Orion, há duas décadas atrás, que tinha provado definitivamente a existência de mais vida inteligente no Universo. Mas agora, um sinal aparentemente tão simples estava a dar a volta aos computadores e aos génios do CEC. Era transmitido nos 20.005 Mhz e nos 40.002 Mhz, mas apesar de ser claramente perceptível, os computadores não conseguiam descortinar nenhum sinal digital reconhecível que pudesse ser interpretado de forma conclusiva. Digital, seria isso? De súbito, o seu rosto iluminou-se. Será que a resposta seria assim tão simples? Saiu no nó seguinte e apanhou o tubular de volta para a zona Leste do mega-complexo. Assim que chegou ao destino dirigiu-se ao nó 1E4, na Zona Lúdica, onde se encontrava o Museu de Tecnologia e Comunicações. Identificou-se e pediu para falar com o curador.

- É uma grande honra conhecê-lo Dr. Alexander Mack - disse o curador.

Aparentava ter cerca de 95 anos e estava, como seria de esperar, muitíssimo bem tratado. Jovial e bem disposto, via-se que os seus nanobots tinham sido bem programados para tratarem dos seus problemas de saúde. Não seriam, certamente, aquelas versões baratas que os chineses vendiam aos africanos e aos sul-americanos.

- O prazer é todo meu! – disse Mack – Lamento vir sem ter nada marcado consigo, mas ia a caminho do trabalho quando me ocorreu uma parvoíce. Andamos no CEC a tentar decifrar um sinal que apareceu do nada há quatro dias. Os nossos computadores detectam o sinal, mas não o conseguem interpretar. Ocorreu-me que pudesse ter algo que nos daria jeito para as investigações...

- Claro, tudo o que eu puder fazer para o avanço da Ciência. Mas, do que precisa de mim, a que não tenha acesso no CEC? É o Capacitador de Fluxo?

- Oh... Não, claro que não! – lançou uma gargalhada com gosto – Na realidade é uma relíquia bem mais antiga que tem aqui no museu. Lembro-me de numa visita anterior que fiz ter visto um daqueles aparelhos que eram usados no Séc. XX para comunicações sem fios, em que os utilizadores interagiam uns com os outros. Não me lembro do nome do aparelho, mas sei que durante décadas foi um sucesso. Era preciso uma licença para o usar...

- Seria um aparelho de rádio-amador? De facto temos um, mas... – replicou o curador.

- Sim, é esse mesmo! Preciso que mo preparem e enviem para o CEC de imediato. Trate do processo com o nosso departamento administrativo. Preciso do equipamento ainda antes da meia-noite.

Nem deixou o curador do museu falar, mas não era preciso. Ele não iria negar-lhe o seu pedido. Não podia. Era uma questão demasiado importante. Estava muita coisa em jogo. Correu de novo em direcção ao tubular e voltou para o CEC. Assim que lá chegou pediu aos técnicos para configurarem o gerador de energia do laboratório para 220V e uma frequência de 50Hz. Deveria funcionar.

O curador do museu tinha sido eficiente. Passadas duas horas o equipamento estava no CEC, devidamente acondicionado, entregue por um técnico escoltado por 4 seguranças fortemente armados. Era a segurança mínima exigida para um aparelho histórico como aquele. O aparato não assustou os presentes, que já estavam habituados a fortes medidas de segurança, desde que os grupos rebeldes da América do Sul tinham lançado o pânico a nível mundial como retaliação por não o seu povo não poder refugiar-se no Alasca, agora que era impossível habitar aquela zona do hemisfério sul do planeta. Como África, também a América do Sul era agora praticamente inabitável.

Depois de ligar o aparelho ao gerador de energia, carregou no botão POWER, enquanto rezava para que tudo aquilo funcionasse. Regulou o aparelho para a frequência certa e escutou. À sua volta a sua equipa olhava para ele, incrédula, à espera que algo acontecesse. Após um minuto de espera, no meio do ruído de fundo, um bip. Outro bip e depois mais outro.

O seu raciocínio confirmava-se e ele respirou de alívio. Afinal, não iam ser invadidos por alienígenas, como os neuróticos sempre agoiravam. Aqueles bips eram algo totalmente diferente. Afinal, os russos tinham ocultado, uma vez mais, em 1957, um pedaço crucial da história mundial, ao dizerem que ele se tinha destruído na reentrada na atmosfera. Uma reentrada que, afinal, nunca acontecera. E agora, por alguma anomalia electromagnética, tinha recomeçado a retransmitir. O primeiro Sputnik estava, quase 200 anos depois, a telefonar para casa.

6 de outubro de 2007 às 22:28  
Anonymous Anónimo said...

Prémio Stella

Em honra à senhora Stella Liebeck, de 81 anos que, tendo-se queimado seriamente nas pernas ao entornar o café quando ia a arrancar de carro do drive-in da McDonalds, recebeu da McDonalds (ou antes, da seguradora da McDonalds...) uma indemnização de 4.5 milhões de dólares, criou-se nos Estados Unidos o prémio "Stella", que visa premiar aquelas pessoas que se aproveitam do sistema jurídico americano para com a maior e mais genial desfaçatez receber indemnizações milionárias, aproveitando a abertura e generosidade com que o sistema jurídico premeia a estupidez e a ignorância humanas.

5º lugar,

atribuído, em simultâneo às seguintes três pessoas:
a) Kathleen Robertson de Austin (Texas), após ter recebido 780.000 dólares de indemnização que lhe foram concedidos por um júri como compensação por ter partido uma perna numa loja de móveis, após tropeçar numa criancinha que andava a rastejar no chão da loja. O dono da loja ouviu a sentença calmamente (a seguradora pagou...) mas com uma genuína e enorme incredulidade, pois a criancinha rastejante era, nem mais nem menos, o filho da vítima.
b) Carl Truman, de Los Angeles, jovem de 19 anos, recebeu 74.000 dólares de indemnização mais os gastos de tratamento da seguradora do vizinho, após este lhe ter passado com o carro por cima da mão. O homem não viu o coitado do rapaz, que no preciso momento em que ele arranca está ocupado a roubar as tampas das jantes do carro do vizinho.
c) Terence Dickson, de Bristol (Pennsylvania) tentava sair pela garagem da casa que acabava de roubar, não conseguiu no entanto abrir a porta da garagem. Já não pode regressar à casa, pois a porta de ligação da casa à garagem ficou trancada após ele ter entrado na garagem. O coitado do senhor Dickson, vejam lá, teve que aguentar 8 dias na garagem até à chegada dos donos da casa, que estavam de férias, alimentando-se de comida de cão e bebendo uma grade de Coca-Cola armazenadas na garagem. O tribunal ordenou a seguradora da apólice de roubo dos donos da casa a pagar-lhe 500.000(!) dólares de indemnização (danos punitivos) pela crueldade moral a que o pobre homem foi submetido.


4º lugar,

Atribuído a Jerry Williams de Little Rock (Arkansas), que recebeu 14.500 dólares mais gastos de tratamento por ter sido ferrado nas delicadas bochechas do seu traseiro pelo cão da raça Beagle do vizinho. O júri não lhe atribui a totalidade da indemnização pedida, pois considerou abonatório em favor do dono do cão o facto de que o senhor Terence Williams tinha saltado a cerca que separava a sua casa da casa do vizinho para perseguir, no terreno do vizinho, o cão do mesmo, disparando-lhe tiros com uma pistola de pressão de ar...


3º lugar,

Atribuído à menina Amber Carson, de Lancaster (Pennsylvania), que recebeu 113.500 dólares mais gastos de tratamento da seguradora de um restaurante, após tropeçar, escorregar e cair numa poça de refresco que estava no chão do restaurante, partindo o tornozelo. O tribunal também neste caso não atribuiu a totalidade da indemnização pedida pela menina Carson, tendo em vista que a poça se tinha formado apenas 30 segundos antes de que a menina Carson nela tropeçasse, quando ela agarrou no copo de refresco que tinha à sua frente e o atirou, na íntegra, à cara do namorado, após uma viva discussão entre ambos...


2º lugar,

Atribuído à jovem Kara Walton, de Clymont (Delaware), que recebeu 12.000 dólares de indemnização da seguradora de uma discoteca, após cair da janela da casa de banho da discoteca, partindo os dois dentes da frente. A jovem partiu os dentes na tentativa de entrar ilegalmente na discoteca, para evitar o pagamento da entrada de 3.50 dólares...


1º lugar,

atribuído unanimemente e sem sombra de dúvidas a Merv Grazinski, de Oklahoma City. A seguradora da fábrica de auto-caravanas Winnebago Motor Homes teve que lhe pagar uma indemnização de 1.750.000 dólares mais a reposição do veículo que ficou totalmente destruído após um despiste sofrido. Ao regressar de um jogo de futebol, o Sr. Grazinski ligou o cruise control do veiculo, levantou-se do assento do condutor, e foi à parte de trás da auto-caravana para preparar um café. A auto-caravana despistou-se de imediato, tendo ficado totalmente destruída. O Sr. Grazinski escapou da morte por pouco. No tribunal o Sr. Grazinski justificou a sua pretensão indicando que se achava com o direito a essa indemnização porque as instruções da auto-caravana não diziam que o assento do condutor não poderia ser abandonado com o veículo em movimento, nem com o cruise control ligado, como ele já tinha visto os pilotos de avião fazerem. O tribunal deu-lhe razão. A Winnebago Motor Homes, antecipando-se a novos casos, já procedeu à alteração dos manuais de instruções das auto-caravanas."

7 de outubro de 2007 às 14:30  

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