Não perder uma palavra

Por Joaquim Letria

A HUMANIDADE FICOU MAIS POBRE com a morte de Norman Mailer.

Atrevo-me a sugerir, desde aqui, aos meus leitores mais jovens e, em particular, àqueles que gostam de ler e escrever, com particular incidência para os que admiram o jornalismo de qualidade, que leiam este especial, controverso, único escritor que, a par da sua qualidade fantástica na literatura foi um cidadão interveniente, um democrata, um combatente e uma figura polémica.

Conversámos uma vez em Berlim e outra em Nova Iorque, onde costumava vê-lo com frequência a jantar no Elaine’s, a abarrotar de gente do basket e do teatro, e onde Norman gostava de comer acompanhado por mulheres bonitas.

Se algum jovem quer descobrir Norman Mailer, antes de mergulhar no seu excepcional “XXX”, recomendo que não perca “Os Nus e os Mortos”, um dos três melhores livros sobre a condição humana e a guerra, desde Xenofonte. E, depois, saboreie a fantástica reportagem sobre o boxe, escrita de encomenda, nos anos 60, para a Playboy. Perceberá a dimensão do homem que nos deixou e quererá não perder uma palavra sua.

«24 horas» de 15 de Novembro de 2007