A água e o "capote"
Memorial aos 25 soldados mortos no combate ao incêndio na Serra de Sintra em 7 de Setembro de 1966. Imagem obtida aqui.
COMPREENDE-SE perfeitamente a incomodidade do Poder (central ou local) perante as catástrofes, pois é em circunstâncias dessas que a sua competência (ou a falta dela) fica à vista de todos: se é verdade que "governar é gerir", não é menos verdade que "gerir é prever"; e todos sabemos que a quase totalidade das catástrofes dos nossos dias são, mais do que previsíveis, praticamente anunciadas.
Um filósofo dizia que «o Ser Humano é tão estúpido que só aprende com catástrofes». Mal sabia ele que há um país onde "nem com catástrofes se aprende". Quando muito, o que vemos por aí são indivíduos a tratar das consequências - raramente das causas - dando razão à empresa de consultoria que em tempos concluiu que «os gestores portugueses são muito bons a resolver os problemas que eles próprios criam».
Publicado no Destak de 20 Fev 08 com o título «Catástrofes anunciadas»
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Quando se deu o drama recordado pelo memorial que se vê nesta imagem, a Censura impediu, durante algum tempo, a sua divulgação.
Lembro-me perfeitamente que estava a ouvir a notícia na BBC (emissão das 13h15m, para Portugal) quando um partidário do regime, que estava ao meu lado, berrou, furioso: «É mentira! Se fosse verdade, a Emissora Nacional tinha dado a notícia!».
Etiquetas: CMR
4 Comments:
Para se chegar ao local da Serra de Sintra onde morreram os soldados e onde se encontra o memorial mostrado na foto, toma-se uma "picada" que sobe a partir do cruzamento dos Capuchos.
Este cruzamento é aquele que fica próximo do convento dos Capuchos, em plena serra, e onde se encontram as estradas (chamemos-lhes assim...) vindas do convento (uma), de Sintra e do palácio da Pena (outra), da Malveira da Serra, da Peninha e Cabo da Roca (outra) e do Pé da Serra (outra ainda).
A "picada" de que falo é a única que sobe, tomando a direcção da Peninha, depois de passar pelo local referido, por um tholos (túmulo neolítico) chamado Monge e por uma frondosíssima mata de cedros.
Se não fosse a evocação da tragédia, eu diria que é um passeio muito agradável para se fazer a pé (e não de jipe; odeio jipes!).
Filho da Puta , odeia jipes , então vai dar o cu!
Na verdade, o pelotão de militares morreu na encosta, abaixo desse memorial. Tentaram desesperadamente entrar numa mina de água, à beira da estrada que leva dos Capuchos à Pedra Amarela, mas a mina estava fechada com um forte portão de ferro. Então, tentaram subir a vertente por entre os enormes cedros a arder. Morreram alguns metros acima da entrada da mina. O local está hoje assinalado com 25 cedros e ciprestes. Um silêncio impressionante, ali...
Caro Galrão,
Obrigado pelo seu comentário.
Infelizmente, o 'post' tem mais de 5 anos, pelo que é pouco provável que os outros comentadores o leiam.
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