Ursos
O GOVERNO NORTE-AMERICANO prepara-se para decidir se declara o urso polar como espécie em vias de extinção ou se, pelo contrário, considera não haver perigo de a população desses animais decair para níveis que ponham em risco a sua viabilidade.
Na decisão vão pesar vários estudos preditivos feitos por cientistas e agências governamentais. Mas vai pesar ainda um outro factor, uma auditoria à previsões.
Sim, uma auditoria, pois um grupo do International Institute of Forecasters, organização científica que reúne estatísticos, matemáticos, geofísicos, economistas e outros estudiosos de problemas de previsão, estabeleceu uma série de critérios que ajudam a classificar como fundamentadas ou como infundadas as previsões feitas para dada matéria. E esse mesmo grupo fez uma auditoria às previsões usadas pelas agências governamentais norte-americanas.
Não se trata exactamente de saber se estão certas ou erradas, pois os erros na antevisão do futuro são inevitáveis. Mas trata-se de saber se foram tomadas as necessárias precauções nos estudos, se os dados utilizados são fiáveis e se foram seguidos métodos científicos de previsão que incluam uma estimativa da incerteza associada aos valores previstos. Pois essa auditoria, dirigida por Scott Armstrong, professor na Universidade da Pensilvânia, concluiu que os estudos existentes são tão pouco fundamentados que não têm qualquer validade. O seu erro fundamental, segundo Armstrong, é basearem-se em conjecturas climatéricas sem atenderem aos dados quantitativos. Na realidade, a população de ursos polares tem aumentado nos últimos anos.
A ciência também erra. Mas distingue-se da não ciência pela forma sistemática como se põe a si própria em causa.
«Passeio Aleatório» - «Expresso» de 17 Mai 08
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9 Comments:
"Scott Armstrong, professor na Universidade da Pensilvânia, concluiu que os estudos existentes são tão pouco fundamentados que não têm qualquer validade"
Todos os estudos?
Pode concluir-se que todas as teses que apontam para o aquecimento global, em consequência do comportamento humano, como a maior ameaça ao planeta, não são válidas?
Este é um caso típico em que facilmente somos levados a 'misturar alhos com bogalhos':
Pode estar a haver alterações climáticas;
Pode estar a haver aquecimento global;
Pode estar a haver fusão das calotes polares e de glaciares.
Daí, o concluir-se (com alguma probabilidade de acertar)que a população de ursos polares "poderá estar a diminuir".
Mas a Ciência não se contenta com o "poderá estar". A sua obrigação é observar, medir - e confirmar ou infirmar.
Neste caso, se uma medição correcta concluir que o número de ursos polares está a aumentar, não se deve dizer o oposto só porque "ajuda a causa ambiental".
Por sinal, Michael Crichton, no seu livro "State of Fear" ("Estado de Pânico") diz uma coisa semelhante:
Os problemas reais (nomeadamente os de poluição no Planeta) são tão graves, que não é preciso inventar mentirinhas (mesmo com a melhor das intenções) para os enfrentar.
Essas mentirinhas são facilmente "apanhadas" e traduzem-se num retrocesso da legítima luta pela defesa do ambiente.
Precisamos, e mais do que nunca, de dados reais e objectivos, e é com esses que teremos de trabalhar - mesmo quando são inesperados, como é o caso referido nesta crónica.
Devo começar por dizer que não li os relatórios de S. Armstrong. As dúvidas acerca das conclusões do artigo de Nuno Crato, que já havia lido na Única-Expresso, foram-me suscitadas por um post colocado por António Amaral no "Arte da Fuga" de onde transcrevo parte:
À semelhança da Simon-Ehrlich wager, The Challenge:
Scott Armstrong of the Wharton School challenges Al Gore $20,000 that he will be able to make more accurate forecasts of annual mean temperatures than those that can be produced by climate models. Scott Armstrong’s forecasts will be based on the naive (no-change) model; that is, the forecasts would be the same as the most recent year prior to the forecasts. The money will be placed in a Charitable Trust to be established at a brokerage house. The charity designated by the winner will receive the total value in the fund when the official award is made at the annual International Symposium on Forecasting in 2018.
The Global Warming: Forecasts by Scientists versus Scientific Forecasts (PDF) por Scott Armstrong:
In 2007, the Intergovernmental Panel on Climate Change’s Working Group One, a panel of experts established by the World Meteorological Organization and the United Nations Environment Programme, issued its Fourth Assessment Report.
The Report included predictions of dramatic increases in average world temperatures over the next 92 years and serious harm resulting from the predicted temperature increases. Using forecasting principles as our guide we asked: Are these forecasts a good basis for developing public policy? Our answer is “no”.
The forecasts in the Report were not the outcome of scientific procedures. In effect, they were the opinions of scientists transformed by mathematics and obscured by complex writing. Research on forecasting has shown that experts’ predictions are not useful in situations involving uncertainly and complexity. We have been unable to identify any scientific forecasts of global warming. Claims that the Earth will get warmer have no more credence than saying that it will get colder.
Mais material:
- Dr. Scott Armstrong on Climate Forecasting - Part I
- Dr. Scott Armstrong on Climate Forecasting - Part II
- Dr. Scott Armstrong on Climate Forecasting - Part III
- apresentação (PDF)
Parece, portanto, que as conclusões de Armstrong não se ficaram pelos ursos.
Ou estou a netender mal?
Vale a pena ver, com alguma atenção, os mapas e gráficos da NASA em:
http://data.giss.nasa.gov/gistemp/graphs/
clicando nas imagens para as ampliar.
É muito oportuno este alerta de Nuno Crato. De facto, as previsões das agências governamentais correm o risco de ser enviesadas pelo "wishful thinking" dos próprios governos. Para dizer o mínimo.
No caso do tão badalado “aquecimento global” – o de origem antropogénica, porque o natural, ao que parece, não mete medo a ninguém e pode ser muito pior - a conclusão de Scott Armstrong é certeira, pois as previsões aterrorizadores que são difundidas pelos “warmers” não só se baseiam em conjecturas climatéricas, nunca demonstradas, como escamoteiam os dados que contrariam as teses deles.
Por exemplo, os ditos warmers nunca referem que o principal contributo para o efeito de estufa da atmosfera terrestre provem do inocente vapor de água. E não é pouco. Entre vapor e gotículas das núvens o contributo das moléculas de água ronda os 95%.
Mas se os fanáticos reconhecessem isto, acabavam-se as passeatas às conferências do IPCC, curiosamente sempre realizadas em locais de clima ameno. Parece que os espertalhões, afinal, preferem o quentinho.
1- Este problema - deveras grave - está a tornar-se numa espécie de Benfica-Sporting: a esquerda e os anti-Bush dizem que 'aquece'; a direita e os pró-Bush dizem que 'não aquece'. Por isso, e embora eu não faça falta a ninguém, não contem comigo para debates nesses termos.
2- Quando alguém se coloca na posição científica de 'vamos ver, vamos analisar, vamos medir', começa muita gente a ficar nervosa.
Trata-se, em geral de gente que prefere 'palpites e bocas' e se recusa a ouvir verdades quando elas não coincidem com o que, 'a priori', decidiram que a realidade é (ou deve ser).
3- O problema é, também, que muitos dos dados climatéricos são algo de MUITO longo prazo.
Chamei a atenção, atrás, para os gráficos da NASA, porque neles se podem encontrar, ampliando as imagens, subidas e descidas de temperatura ao gosto do freguês(embora, ao longo de 100 anos, se note, de facto, uma subida de umas décimas de grau em todos os registos).
4- O facto de haver interesses económicos (e de valores astronómicos) interessados nas conclusões, inquina o essencial do debate e, quase sempre, a sua credibilidade.
É pena que seja assim. Mas, no estado actual do mundo, poderia ser de outra forma? Não creio.
Medina:
O que preciso é procurar informação. Por exemplo, através de livros como este (para cuja edição em língua portuguesa dei o meu contributo):
http://www.fnac.pt/pt/Catalog/Detail.aspx?cIndex=0&catalog=livros&categoryN=Livros&category=divulgacaoCientifica&product=9789898020208
Há até uma célebre frase:
«Boas intenções, quando servidas por más informações, são caminho certo para o desastre»
A consulta de alguns sites mostra que a população de ursos polares está em declínio. Ver por exemplo em
http://www.polarbearsinternational.org/bear-facts/
"The IUCN Polar Bear Specialist Group reclassified the polar bear as a vulnerable species on the IUCN's Red List of Endangered Species at their most recent meeting (Seattle, 2005). They reported that of the 19 subpopulations of polar bears, five are declining, five are stable, two are increasing, and seven have insufficient data on which to base a decision. On May 14, 2008, the U.S. Department of the Interior reclassified the polar bear as a Threatened Species under the Endangered Species Act, citing concerns about sea ice loss. Canada and Russia list the polar bear as a "species of concern."
Contrariamente a estes estudos Nuno Crato diz-nos que a população de ursos polares aumentou. Em que dados se baseou ?
Scott Amstrong é um Forecaster...não é um climatologista nem um físico !
João Vaz
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