22.6.08

Agenda de Verão

Por Nuno Brederode Santos
O QUE JÁ CHEGOU foi o calor a sério. Pontual, veio com o Verão e alapou-se-nos na pele. Pegadiço, ele toma-nos por dentro: não há banho ou ablução que nos redima. Ainda assomei à janela, procurando os pássaros do Hitchcock: filas de gaivotas e corvos, inertes, silenciosos. Felizmente, só vi pombos, pardais e melros, uma fauna aculturada que, devagar, se corrompe connosco na cidade. Não fora o bico e dir-se-ia boa gente.
.. A vizinhança guarda recolhimento, num pudor que é luto. Esperava um mês de festa gorda, mas os quartos-de-final do Europeu de futebol impuseram-lhe uma espécie de Ramadão sem fé. Deixaram-se surpreender por quinze dias suplementares, para os quais o subsídio não assegura projecto nem merenda. Num país cuja elite sempre assegurou ser pior do que os outros, o povo embarca na simétrica ilusão de que é melhor. Talvez um dia estes dois desenganos possam convergir e dotar-nos de mais lucidez e realismo.
(...)
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