10.6.08

À boleia na Lua

Por Nuno Crato
QUEM JÁ OS RECONHECE NO CÉU, não terá dificuldade em visualizar este fim de semana [v. nota] Marte e Saturno, que aparecem agora a oeste, acima do horizonte do crepúsculo. Tal como não terá dificuldade em reconhecer Júpiter, que nasce a leste ao princípio da noite. Mas quem não está familiarizado com estes astros precisa de alguma ajuda, por exemplo, um bom mapa do céu com as posições que os planetas agora ocupam.
..Este fim de semana, contudo, nada disso é preciso. O astro mais luminoso do céu nocturno vem em nosso auxílio: a Lua coloca-se por debaixo dos planetas, como que querendo indicar-nos o caminho. Na noite de hoje, com a Lua ainda muito fina, basta olhar para cima e para um pouco à esquerda dela: está aí um ponto de luz avermelhada e fixa. É o planeta vermelho, onde há poucos dias aterrou mais uma sonda vinda da Terra.
..Esperando mais um dia, a Lua ultrapassa Marte pela esquerda baixa, e coloca-se debaixo de dois outros astros. Na noite de Domingo, o primeiro ponto de luz brilhante acima da Lua e um pouco à sua esquerda é a estrela Régulo, que aparece no céu com um brilho semelhante ao de Marte, mas mais tremeluzente e esbranquiçado. Um pouco acima desta estrela e um pouco mais à esquerda aparece um outro astro, com uma luminosidade muito mais intensa, mais fixa e ligeiramente amarelada. É Saturno, que constitui sempre um espectáculo e que, mesmo com binóculos, aparenta um formato ligeiramente alongado, devido aos seus anéis.
..Daqui a um mês, o espectáculo repete-se, a Lua volta a indicar os dois planetas, que na altura aparecerão mais perto um do outro no céu, desenhando um magnífico triângulo com o nosso satélite. Vale a pena apanhar uma boleia da Lua.
«Passeio Aleatório» - «Expresso» de 7 de Junho de 2008
Nota (CMR): como as crónicas de N.C. são sempre afixadas, no Sorumbático, alguns dias depois de saírem no Expresso, sucede, por vezes, estarem desactualizadas quando aqui são publicadas; é o caso desta, mas só parcialmente: chama-se a atenção para a parte final: «Daqui a um mês...»

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