30.6.08

Que futuro para a Politécnica?

Por A.M.Galopim de Carvalho

ESTRANHAMENTE, SÓ AGORA, em pleno século XXI, 170 anos depois da sua criação, se põe em causa a sustentabilidade financeira deste magnífico conjunto arquitectónico, histórico, científico e cultural, que nos ficou da prestigiada Escola Politécnica, hoje um valioso e utilíssimo conjunto museológico, de que fazem parte o Museu de Ciência, o Museu Nacional de História Natural, incluindo o Jardim Botânico, e o venerando Instituto Geofísico Infante Dom Luís.

Quando, há duzentos e quarenta anos, o Marquês de Pombal criou o Museu Real da Ajuda, não lhe passou pela ideia questionar a sustentabilidade financeira deste pequeno museu, um embrião à semelhança de outros que o liberalismo, na Europa do século XVIII, encorajou desenvolveu e glorificou como autênticas catedrais do iluminismo - os Museus de História Natural. Concebidos ao serviço da cidadania, foram subsidiados pelos Estados e, só mais tarde, com a sociedade de consumo, muitos deles recorreram à cobrança das entradas, uma prática entendida necessária ao seu cabal funcionamento. Quando, em 1837, foi fundada a Escola Politécnica, em substituição do caduco Colégio dos Nobres, foram ali instalados “Gabinetes de História Natural”, visando os três “Reinos da Natureza”, sem que a Fazenda se preocupasse com a respectiva sustentabilidade financeira.

(...)
Texto integral [aqui]
Publicado no «Público» de 23 Jun 08, com o título “Os museus da Politécnica são descartáveis?”. As imagens são da capa do livro «O Edifício da Faculdade de Ciências», de José Lopes Ribeiro.

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2 Comments:

Blogger antónio m p said...

Estou chocado com a notícia.

Em 1947 Salazar expulsou dezenas de investigadores e professores universitários; agora é um governo PS que anuncia desfazer-se dos próprios monumentos universitários - hoje museu, no caso.

Fiz um documentário sobre um daqueles professores, José Valadares, que deu aulas naquele edifício. O seu filho dizia-me em Paris há uns 5 anos: "A memória que tenho de Portugal ainda está ligada ao fascismo". Na altura chocou-me ouvir isto. Se fosse hoje, não estranharia.

30 de junho de 2008 às 22:48  
Blogger R. da Cunha said...

A distrubuição de computadores, mais ou menos a granel, pode ser importante e desejável, mas "estas coisas" NÂO PODEM ficar para trás.

30 de junho de 2008 às 23:47  

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