5.7.08

O Máximo Divisor Comum

Por Antunes Ferreira
PORTUGAL CONTINUA A SER um País muito engraçado. Lamentavelmente engraçado. A famosa crise cada vez se vai tornando mais corriqueira. E porquê? Porque tudo indicia que já nos habituámos a viver com ela – ou nela. É uma espécie de quarto arrendado, com serventia para a casa de banho, em andar mais do que duvidoso. Um cidadão vai-se deixando ir e, sem dar por isso sequer, está instalado. Sem condições, mas instalado.
Ontem o Presidente da República referiu-se, uma vez mais, e cada vez mais preocupado a respeito dela. Dela, crise. As vezes e os mais parecem assim estar na situação que me complicou as meninges jovens, quando comecei a tentar entender a matemática. Coisa que quase nunca alcancei. Era o Máximo Divisor Comum. Que, se calhar, já nem existe. Desta feita com nuances respeitantes às obras públicas. Para além de Mário Lino e de Manuela Ferreira Leite, divisores mores deste imbróglio maniqueísta da construção, agora também Cavaco. Já não me restam dúvidas: é o MDC.
No entretanto, há outras preocupações a bulir com os Lusos: foi encerrado ou não foi encerrado o caso Maddie? Lembram-se, ainda, do que se trata, creio. Agora, uns vão pelo arquivamento, outros por novas diligências – e o processo fica a aguardar melhor prova – ou melhores dias. O cidadão menos desatento, que igualmente seguiu a dilemática reunião do «Conselho de Justiça» da FPF, já nem se admira que das cinco horas que ela durou ontem, nada de concreto tenha saído.
E a novela Cristiano Ronaldo, Manchester United & Real Madrid – onde vai precisamente? Quantos milhões querem gastar os merengues? Quantos não querem receber os red devils? Será o craque quem decidirá? E quanto à operação ao tornozelo mais célebre da Nação Futebolística? E por quantos milhões se deixará seduzir/comprar o Senhor Carlos Queiroz? E virá ele, ou não, substituir o Senhor Scolari?
Há milhões de temas em que é fácil estarmos, nós, os Portugas, de um ou do outro lado nas trincheiras. Já o sabíamos há tempos imemoriais. Mas La Liz marcou-nos a ferrete e gás. E temos vindo a acentuar, a ampliar, a empolar, a extremar essas posições duplas, donde confrontáveis. Tivemos a Amália e a Hermínia; tivemos o Nicolau e o Trindade; tivemos o Manuel dos Santos e o Diamantino Viseu; tivemos a Madalena Iglésias e a Simone. Tivemos a PIDE e o Tarrafal. Não nos falta nada. Ou quase nada. Não é bem assim. Não tivemos a II Guerra Mundial, mas tivemos a Senhora de Fátima e os pastorinhos e a azinheira.
Pois é. Só temos coisas que nos ralam e que nos dicotomiam. Vá lá, deixem passar este neologismo espúrio e enviesado. Enquanto não vem o tal acordo… Bem vistas as coisas, de tal forma está dividido (e tramado) o nosso Portugalzito que, estou certo, o que nos falta é o Máximo Divisor Comum. Deixe-se de indecisões, Senhor MDC. Venha depressa. Ainda não existem nem o TGV nem as pistas de Alcochete – mas venha depressa.

Etiquetas:

11 Comments:

Blogger Rico Armando said...

Ñão concordo. Isto não está a precisar de um divisor ainda que máximo. De resto, este país está tão mal que já nem sabe o que precisa. Valha-nos Nossa Senhora da Agrela, não há santa como ela...

5 de julho de 2008 às 19:52  
Blogger Manuel Silva said...

O Senhor Rico Armando tem muita razão. Enquanto nos preocupar-mos com ninharias, Portugal continua a ser a terra dos três fff: futebol, fado e Fátima. E nem a Nossa Senhora nos pode valer, visto o estado a que isto chegou. Deixe-se de palhaçadas, Antunes Ferreira! Se não quer ser português e quer mal à nossa terra emigre-se!

5 de julho de 2008 às 22:15  
Blogger João A. Raul Silva said...

Basta! Concordo com o Antunes Ferreira. Estou farto de armandos e manueis. Com pessoas (?) como estas, não andamos para a frente. E o sr. Manuel Silva vá à gramática e ao dicionário para aprender a escrever e não dar erros crassos.

5 de julho de 2008 às 22:23  
Anonymous Anónimo said...

Como é evidente, só quem VERDADEIRAMENTE AMA a sua terra é que se preocupa com os seus problemas.

Dizer: «Se a critica é porque não gosta dela; se não gosta dela, emigre», é de uma tontice a toda a prova, uma demonstração de garotice de quem não sabe - sequer! - quem é Antunes Ferreira!

5 de julho de 2008 às 22:35  
Blogger Antunes Ferreira said...

Rico Armando
A Senhora da Agrela não tem nada a ver com o que se passa em Portugal. E um destes dias, temos de conversar sobre o que vai muitíssimo mal em Portugal. Para já. Obrigado.

5 de julho de 2008 às 23:12  
Blogger Antunes Ferreira said...

Senhor Manuel Silva
Não penso emigrar - muito menos «emigrar-me». Na minha Quarta Classe, a Senhora Dona Clélia Marques bem me ensinou o que era a conjugação reflexa. Não sei se hoje se diz assim. Já lá vão quase 57 anos...
No resto - olhe que não, olhe que não...

5 de julho de 2008 às 23:16  
Blogger Antunes Ferreira said...

João Raul Silva
Muito obrigado. Assim - e como bem diz - não vamos a sítio nenhum. Nós, os Portugueses, temos de nos convencer que só o nosso esforço e o nosso trabalho podem levar-nos a ter uma nova mentalidade. E a um novo Portugal - que todos desejamos. Abração

5 de julho de 2008 às 23:19  
Blogger Antunes Ferreira said...

Mendonça
Dê cá um abração! As suas palavras fazem-me acreditar que ainda É POSSÍVEL.
Garotice, não sei. Não saber quem é o Antunes Ferreira é vulgar e não tem nada de «pecaminoso»... Outro abração

5 de julho de 2008 às 23:22  
Blogger Manuel Silva said...

Despenso os vossos comentários infelizes e inconvenientes. Sou o que sou e a mais não sou obrigado. Repito tudo o que dise. Esse Antunes Ferreira da trêta e o JAR Silva não me chateiam, que eu nem me chateio. Vão lamber sabão ou a baixo de Braga!

6 de julho de 2008 às 12:35  
Anonymous Anónimo said...

O que será melhor: o "a baixo", o "dise" ou o "emigre-se"?

Não sei... eu cá voto no delicioso "despenso"!

6 de julho de 2008 às 18:02  
Blogger Júlio P. Andrade said...

Vamos terminar esta telenovela?
Temos de pensar que nós, os Portugueses, é que estamos obrigados a cortar o nó górdio em que o nosso País se tornou.

Por isso, concordo com a forma como o Antunes Ferreira (que não conheço pessoalmente) apresentou a questão.

Aproveito para dizer que só soube uns dias depois, que ele esteve aqui em Coimbra na Bertrand do Dolce Vita, para apresentar o livro que escreveu: «Morte na Picada». Já comprei, já li, gostei e já adquiri outro que dei ao meu Pai, que andou também por ali de espingarda em punho.

6 de julho de 2008 às 18:37  

Enviar um comentário

<< Home