20.7.08

Subir para baixo

Por Nuno Brederode Santos
MUITO DO QUE LUÍS FILIPE MENEZES quis provocar com a sua demissão está atingido. A frase é dele, não é minha. Passei-a para a terceira pessoa, para dispensar as aspas e assim guardar o recato que ele enjeitou. Como quem põe óculos escuros, quando o Sol não brilha e a moda não recomenda.
O artigo de Menezes no DN da passada sexta-feira é um documento assinalável, mesmo se mais não é do que uma actualização e um aprimoramento do que o autor vem escrevendo desde que, falhada a vaga de fundo, a sua estrela se revelou meteorito e trocou o brilho pelo livor baço de um desencanto pasmado. No seu universo juvenil de super-heróis da banda desenhada, ele toma Santa Helena pela ilha de Elba e renega a avareza do destino para as segundas - ou, neste caso, terceiras - oportunidades. Na sua revisitação permanente de Peter Pan e Sandokan, ele acredita poder pôr este a voar e quer o menino de Kensington Park a esgrimir de alfange com o capitão Gancho.
Dos anos, que dizemos verdes, em que apostamos mais em nós do que na nossa vida, retive um ensinamento de Baltazar Gracián: devemos ser humildes quando a fortuna nos bafeja e prudentes quando ela nos despreza. Lá do alto do seu Olimpo mitómano, Menezes desprezou os dois conselhos.
(...)
Texto integal [aqui]

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1 Comments:

Blogger Fernando Vasconcelos said...

Pessoalmente concordo que ele deveria fazer o que prometeu. Estar calado. Porém, a nós que não nos cabe esse dever de silêncio cabe confessar que lhe deve custar muito não ouvir vozes de protesto pelos disparates de uma direcção que politicamente conseguiu a proeza de ser pior do que ele próprio. Dessa forma foi a surpresa por não ouvir o mesmo tipo de protestos indignados que lhe deve ter feito perder a paciência. É que convenhamos fosse LFM o líder do PSD, tivesse ele dito as "bacoradas" que MFL (curiosamente o acrónimo fica uma permutação)conseguiu dizer e estaríamos agora a ouvir um coro de protestos indignados. Só o estatuto de MFL a poupa ... por enquanto e digo eu, injustamente porque algumas coisas são efectivamente inexplicáveis.

20 de julho de 2008 às 11:55  

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