22.7.08

Vergonhas de Abril

Por Joaquim Letria
ESTE FIM-DE-SEMANA saiu-me ao caminho gente da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra, a pedir. Vendiam rifas numeradas, mas, no fundo, estavam a pedir esmola.
Os Veteranos de Guerra estavam envergonhados por estarem a pedir, com as suas boinas de militar. Um dia, eram ainda miúdos, disseram-lhes que a Pátria precisava deles e que a sua obrigação era morrer, ficar sem braços ou pernas, cegarem, por Portugal. E eles serviram a Pátria, na guerra.
Não sei se alguns eram dos Deficientes das Forças Armadas. Mas estavam envergonhados. Também o meu amigo Marques Júnior devia ter vergonha na cara quando, há dias, a sua bancada socialista recusou direitos aos deficientes das Forças Armadas.
Cada português tem o seu 25 de Abril. O do meu amigo Marques Júnior, capitão de Abril, é um 25 de Abril triste. É um cravo de tirar e pôr no bolso do paletó, uma vez por ano, nas festas do feriado. A pena que me dá…
«24 Horas» de 21 de Julho de 2008

Etiquetas:

7 Comments:

Blogger Jorge Oliveira said...

"Honrai a Pátria, que a Pátria vos contempla".
Era assim que se dizia.
Mas o português é uma língua muito traiçoeira.
Para os socialistas o termo "contempla" não significa "premiar", mas sim apenas "olhar"... de soslaio.

22 de julho de 2008 às 19:08  
Blogger Blondewithaphd said...

... a mim também!

22 de julho de 2008 às 19:52  
Blogger brunette said...

Eu também os vi e nem acreditei que fosse verdade, achei que eram daqueles peditórios falsos... estavam num cruzamento de estrada, à saída da minha cidade. E ainda me custa a aceitar que fosse mesmo um peditório a sério para os Veteranos de Gerra! Era mesmo??

22 de julho de 2008 às 20:15  
Blogger Jack said...

Permitam-me que aqui deixe um breve texto, lido há largos e que hoje fui procurar aqui na net:

Carta a El Rei de Portugal

"Senhor, umas casas existem no vosso reino, onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de corneta se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta se deitam, obedecendo. Da vontade fizeram renúncia como da Vida. Seu nome é Sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza de suas acções é tão grande que os poetas não se cansam de a celebrar. Quando eles passam juntos fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente conhece-os por militares...

Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem, como se os cobres do pré pudessem pagar a Liberdade e a Vida. Publicistas de vista curta acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a servidão. Eles, porém, calados, continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si mesma. Pelo preço de sua sujeição, eles compram a liberdade para todos e a defendem da invasão estranha e do julgo das paixões. Se a força das coisas os impede agora de fazer em rigor tudo isto, algum dia o fizeram, algum dia o farão. E, desde hoje, é como se o fizessem. Porque, por definição o homem da guerra é nobre. E quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai a coragem, e à sua direita a disciplina.

(Trecho da carta escrita por Moniz Barreto, em 1893)

23 de julho de 2008 às 00:31  
Blogger Joaquim Letria said...

Podem crer que era verdade.Falei com eles, pedi a identificação, checkei, era verdade.
Só mais tarde naquele último sábado, por averiguar ainda a verdade deste peditório, soube algo pior:
Há mais de 200 antigos combatentes com choque pós-traumático que dormem e vivem nas ruas. São homeless.
Os queridos do ministério da Defesa e os patriotas do PS sabem tudo!

23 de julho de 2008 às 18:59  
Blogger Pedro Boavida said...

Nunca pensei que alguém como o Joaquim Letria, pessoa que eu crescí a admirar, pudesse utilizar expressões como "checkei" e "homeless"

O que é que "checkei" quer dizer?

"homeless" ainda que em Português tenha tradução como "sem-abrigo" agora checkei????

Qualquer dia estamos a escrever em telemovelés (k s excrve c muitos xxx,zzz,etc)

25 de julho de 2008 às 11:41  
Blogger Joaquim Letria said...

O meu amigo tem toda a razão, mas julgava eu que numa nota interna e informal se podia usar este à vontade linguístico.Julgava e uso-o. E não é de agora: trabalhei 13 anos numa agência norte-americana em Nova York e na América Latina, 4 na BBC em Londres e, já agora, três na Deuthsche-Presse Agentur.
Ainda não havia telemóveis mas naturalmente que importamos sequelas destas, ao fim de anos a escrever e ler inglês, francês, espanhol e alemão todos os dias. Se o Sr. visse as faltas quando escrevo formalmente, preocupava-me. Vê-las assim, não me preocupa nada, nem o facto do meu amigo não ser capaz de reconhecer que um fulano que escreveu tanto ou mais tempo nas línguas dos outros, merece parabéns por não escrever mal de todo, profissionalmente, na sua própria lingua. Já agora, guarde outra: tenho muito orgulho desta língua dos nossos emigrantes em que também escrevo. Esta espécie de ensino que há por cá não soube ensinar-lhes melhor português do que o meu. Mas eles enchem-me as medidas, ao contrário do que encontro por cá.!
Thk u and all the best!

P.S.-Sempre que deseje corrigir-me e ensinar-me, tenha a bondade! Só lhe agradeço

26 de julho de 2008 às 09:34  

Enviar um comentário

<< Home