27.9.08

Há dias em que

Por Antunes Ferreira
MANUELA fechou, pensativamente, o livro, depois de assinalar o local de intervalo na leitura com o marca-páginas. Curioso: era publicidade de um laboratório de produtos farmacêuticos, a cartolina num azul forte e polido, os comprimidos revestidos branqueando, o nome em times bold a negro e o faz bem a em verdana itálico e vermelho. Chamativo.
Levantou-se, e iniciou o seu percurso de fuga e retirada, como dizia o avô Geraldo. Caminhou devagar, como se estivesse numa nuvem celestial de algodão branco contemplando o Filho. Não o dela, obviamente, mas o outro, de Maria. E, naturalmente, de harpa melodicamente empunhada.
Sorriu-se interiormente, sabia lá, a nível do ventrículo esquerdo, que nisto de teclados da parte de dentro nunca se localizavam com grande precisão. Quem sabe? Talvez com o sextante adaptado pelo Gago Coutinho, pelos idos de 1919, se bem se lembrava. A sôtora Miquelina, no Maria Amália, até lera um texto escrito pelo próprio inventor, em que se referia ao horizonte artificial ou algo assim.
(...)
Texto integral [aqui] - Esta e outras crónicas do autor estão também no seu blogue Travessa do Ferreira.

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