Pagantes
Por João Paulo Guerra
O ciclo de quatro eleições que aí vem vai custar 100 milhões ao Estado.
MAS AS PROMESSAS ELEITORAIS continuam de borla. O Estado aumentou a subvenção aos partidos políticos, o que sempre é mais transparente que o financiamento oculto pelos privados, embora não elimine totalmente os compromissos com os interesses e respectivas contrapartidas.
O que não é justo é que o Estado pague a vendedores de ilusões que prometem lebre e nem gato servem à mesa. Se o Estado tivesse maneira de taxar as falsas promessas eleitorais, das duas, uma: ou recuperava o investimento na subvenção da democracia eleitoral, ou os partidos passavam a falar verdade e a prometer o razoável.
Nas campanhas eleitorais, políticos que vivem habitualmente no limbo dos interesses e do dinheiro, que se mantêm arrogantemente afastados do povinho que desprezam, descem às feiras, romarias e outros ajuntamentos para prometer o Céu. Já houve quem prometesse salário para as donas de casa. E todos prometem ajudar os pobrezinhos, cuidar dos velhos, tratar os enfermos, dar futuro aos jovens e outras obras de caridade. Chegam ao poder e é o inferno do costume: menos dinheiro, menos saúde, menos trabalho, menos segurança, mais impostos, mais sacrifícios, mais restrições. Mais por menos dá menos qualidade de vida e menos democracia.
Vem aí um ciclo de quatro eleições. E os candidatos vão acrescentar novas promessas sem sequer prestarem contas das que não cumpriram nos mandatos que vão terminar. Claro que isto desacredita a democracia. Mas com o descrédito da democracia bem pode a classe política que saiu na rifa aos portugueses. O ideal será o dia em que se declararem vencedores de eleições por falta de comparência do eleitorado.
«DE» de 25 de Setembro de 2008 - c.a.a.
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1 Comments:
Pior do que isso é quando responsáveis da situação actual regressam para prometer o céu. Devo confessar que a Srª. Leite a falar contra Sócrates é hilariante. Espero que ela ganhe as eleições.
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