2.10.08

A Queimadela do Antraz

Por C. Barroco Esperança
ERA VERÃO. Na rua, junto à casa dos meus avós maternos, o tanoeiro do Jardo afeiçoava tábuas de carvalho antes de as equilibrar sobre um calhau, à volta do qual crepitava uma fogueira de lume brando, e de lhes amarrar pedras nas extremidades para as vergar adequadamente e produzir aduelas.
Com uma giesta, mergulhada num caldeiro de água, molhava regularmente as tábuas expostas ao calor e logo voltava à plaina e à enxó a desbastar outras que se seguiriam para tomarem a forma ajustada e substituírem as que o tempo e a acidez do vinho tinham carcomido num tonel de cem almudes.
Pela rua seguia o Ti Portas, do Sabugal, soprando a gaita de capador, à espera de porcos, vitelos, cães, gatos e outros machos cujos donos decidissem pôr termo à alegria dos bichos, fosse para preservar o sabor da carne ou para os obrigar ao sedentarismo que o cio não permitia.
Os animais de grande porte eram levados ao tronco do ferrador e os cães e gatos entalados entre uma porta e o batente enquanto duravam a cirurgia e os queixumes.
(...)
Texto integral [aqui] - Outras crónicas do mesmo autor encontram-se no blogue Ponte Europa.

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