A velha sebenta
Por A.M. Galopim de Carvalho
ERA O TEMPO DAS SEBENTAS. A fotocópia estava ainda por nascer e, mesmo após ter surgido, a sua acessibilidade e a sua operacionalidade estavam longe de satisfazer as necessidades dos estudantes. A reprodução de textos assentava, sobretudo, no stencil, uma finíssima folha de papel, encerada, na qual o bico da caneta ou a tecla da máquina de escrever imprimiam uma fragilidade que deixava passar a tinta colocada à superfície de um rolo que se fazia passar sobre a dita folha. Esta operação, de início, manual e, depois, mecânica, esteve na base da instituição sebenta. Para certas disciplinas, a sebenta era o único e mais do que suficiente elemento de estudo. “Empinava-se a sebenta” e a aprovação no exame da respectiva cadeira estava garantida. Via de regra as sebentas passavam de mão em mão, de ano para ano. Estavam enxovalhadas, anotadas, riscadas, sujas, parcialmente rasgadas e, muitas vezes, sem capa, dado o seu uso intenso e prolongado. O seu nome reflectia isso mesmo. Dado que, de ano para ano, o programa não mudava um milímetro. Feito o exame, o aluno que concluísse a cadeira, vendia de imediato aquele molho de papel a um colega que necessitasse dele. E eram sempre muitos.
(...)
(...)
Texto integral [aqui] - Esta e outras crónicas do mesmo autor estão também no seu blogue Sopas de Pedra.
Etiquetas: GC
3 Comments:
Das sebentas e das tábuas de logaritmos...
Há dias, em tempo de arrumação de prateleiras, reencontrei umas tábuas de logaritmos, do Prof. Palma Fernandes (1968), com a devida indicação: "Todos os exemplares são autenticados com a rubrica do autor", seguindo-se a respectiva rubrica.
As sebentas também me ajudaram bastante nos meus estudos intensivos... grande manual de apoio
Ainda guardo algumas dessas Sebentas, por sinal bem sebentas, de tanto as manusear, sublinhadas a diversas cores, com traços verticais e notas à margem...
Enviar um comentário
<< Home