17.11.08

Degradação

Por João Paulo Guerra
Um estudo divulgado recentemente em Bruxelas apresenta Portugal na “cauda da Europa” desta vez em matéria de sistemas de cuidados de saúde.
A “CAUDA DA EUROPA” é um lugar familiar a Portugal: o país tornou-se residente, com lugar cativo, na “cauda da Europa” em relação a quase todos os indicadores respeitantes a progresso social, a qualidade e a esperança de vida, a educação, hábitos de cultura e outras práticas civilizadas. De maneira que não deveria causar qualquer surpresa mais esta desonrosa classificação para o resultado do poder dos interesses contra os interesses das populações. E assim, naturalmente, quanto a sistemas de cuidados de saúde, Portugal apareceu cotado no estudo referido em 26.º lugar entre 31 países europeus analisados pela organização Health Consumer Powerhouse.
Acontece, porém, que esta baixíssima cotação de Portugal para além da sua relatividade europeia tem também leituras no plano interno. Os autores do estudo realizam-no regularmente e a classificação de Portugal desabou nos últimos três anos do 16.º para o 19.º e deste para o 26.º lugar. Quer isto dizer que em matéria de sistemas de cuidados de saúde Portugal tem andado de cavalo para burro, coincidindo com a política ‘taliban’ de desmantelamento de serviços de saúde, designadamente através do encerramento de hospitais, serviços de urgência e maternidades. A continuar assim, a política de cuidados de saúde rebenta com a escala e é expelida pela própria “cauda da Europa”.
Simultaneamente, ficou a saber-se que tal política, se não fez bem algum à saúde dos portugueses, também não contribuiu em nada para a melhoria das finanças públicas. A Saúde acabou o ano com um “buraco” de 330 milhões de euros. As políticas medem-se pelos resultados e a política de saúde não resulta em mais bem-estar para os portugueses nem em mais sanidade para as contas públicas. Razão tinha o “pai” do Serviço Nacional de Saúde, o socialista António Arnaut, quando denunciou a deliberada política de “terra queimada” de degradação do SNS.
«DE» de 17 de Novembro de 2008

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1 Comments:

Blogger luis said...

Apesar de ser "\esquerda\" e defender a igualdade entre os trabalhadores, acredito sinceramente que o estado deplorável do nosso sistema de saúde é culpa da Ordem dos Médicos, actualmente o proteccionismo da classe vai contra a saúde dos portugueses e o governo nem tenta sequer abordar este grave problema.

Por favor aumentem as vagas e deixem-se de constrangir a oferta de forma a manter ordenados que de todo não cabem nos nossos bolsos. Vemos a promiscuidade que existe entre o privado e o publico, com médicos a "sugerir que vá a clinica do lado que é mais rápido, que eu até trabalho lá"...e o povo doente claro que vai !....se puder ...senão fica como tantos outros a espera da morte num corredor de uma qualquer urgência...

O argumento usado pela Ordem dos Médicos para manter as vagas apertadas de todo não faz sentido nas nossas mentes, supostamente querem manter um alto padrão de qualidade.

Ohh meus amigozzzz se eu estiver doente antes um médico assim assim que nenhum médico!!!
Ohh senhores DoutouresS ! E tanta é a excelência que observamos nos nossos hospitais!

Não daria menos trabalho ao governo trocar a luta da educação pela luta da saúde? É que estando os médicos em menor número de certeza não teriam greves de tão grande dimensão, e por outro lado o impacto seria muito mais positivo. Quanto custa substituir todos os médicos portugueses?!! Hummmm .... deixo a questão no ar :D


ps) Fui operado há pouco tempo numa clinica privada (ainda sou dos poucos que as podem pagar) e nem imaginam o que me deu mais trabalho...foi arranjar o papelinho com a baixa que tinha que ser passada exclusivamente pelo médico de familia que infelizmente está a 300 km do local onde trabalho. (sim ...a culpa foi minha, não alterei a minha morada...porque hoje estou em Lisboa amanhã estarei no porto :S ...um papelinho...)

18 de novembro de 2008 às 13:52  

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