24.12.08

Memória de um Natal

Por Baptista-Bastos
FAZ AGORA ANOS. Eu era um tira-picos na Redacção de O Século. A "universidade", a "catedral", diziam uns e outros. Entre receoso e feliz olhava aqueles homens graves, que escreviam o jornal com a vaidade de quem está a retratar o mundo em corpo 8 redondo. Grandes, extraordinários jornalistas, obscuros e anónimos, que sabiam, oh, se sabiam!, que as páginas impressas eram produto dessa paixão viva como o sangue.
Eu era esgalgado, afirmativo, e queria caber naquela tribo. Por vezes, para "colorir" a notícia, atrevia-me à tolice do adjectivo. Chamavam-me logo: "O menino está a trabalhar num jornal que custa cinco tostões. Não queremos cá Malhoas!" O chefe da Redacção, Acúrsio Pereira, uma lenda da Imprensa. Pequeno, gritador emérito, comentava-se que dormia embrulhado em folhas impressas. Dividia a humanidade em jornalistas e não-jornalistas, sendo O Século a representação do seu império. O Século pertencia à família Pereira da Rosa, mas o jornal era do Acúrsio.
(...)
Texto integral [aqui]

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2 Comments:

Blogger Unknown said...

Admiro o Baptista Bastos e, não podendo dizer que sou seu amigo pois não nos conhecemos muito bem, tenho na minha biblioteca uma obra sua que me ofereceu quando eu era Chefe da Redacção do DN. A Coluna de Cristal. E tenho mais... Mas, é uma honra e um prazer ter essa como oferta com dedicatória.

Tal com ele, defendo a Liberdade e a Democracia. Temos opiniões políticas diferentes - mas não muitas. Para mim é isso que faz da Liberdade e da Democracia o melhor que os Homens podem ter.

Mas, neste caso, quero aqui deixar um abração ao Baptista Bastos que produz este texto magnífico. É o pulsar do coração de um Jornalista com caixa alta. É a forma primorosa como está escrita a crónica, outra coisa não seria de esperar. É a enorme qualidade de Homem que ele é.

Meu caro Baptista Bastos: Bom Natal e muito obrigado, Mestre.

Blogue:
www.aminhatravessadoferreira.blogspot.com
«Imeile»:
hantferreira@gmail.com

24 de dezembro de 2008 às 19:01  
Blogger R. da Cunha said...

Tão curta mas tão comovente "reportagem". Por aqui se vê a qualidade do "artista".

25 de dezembro de 2008 às 01:12  

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