Passatempo-relâmpago
JÁ POR VÁRIAS vezes se referiu aqui este romance, porventura a obra-prima de José Rodrigues Miguéis. Infelizmente, o Sorumbático não teve, até à data, possibilidade de contar com nenhum exemplar para oferecer como prémio, o que não obsta a que se pergunte:
«Porque é que ele 'calhava como sopa no mel' num passatempo com prémio que se efectuasse - precisamente - no dia de hoje?»
Claro que pode haver muitas respostas; mas a que se pretende tem a ver com a essência da história ficcionada pelo autor de Gente da Terceira Classe (*). Quanto à resposta, a dar aqui, só será possível a partir de um momento-surpresa...
(*) - Têm toda a razão os dois leitores que chamaram a atenção para o título do livro, que estava mal escrito. É "da" e não "de", pois refere-se a pessoas que viajavam "em 3ª classe" e não a pessoas "de 3ª classe" - como se pode confirmar [aqui].
Actualização (14 Mai 09/11h13m): julgo que se pode dar o passatempo por terminado. Ver comentários 1 e 2.
3 Comments:
Porque o filme, com o mesmo título, realizado por Mário Barroso, estreou em Portugal a 13 de Maio de 2004. Há, precisamente, 5 anos!
Além do mais, verifica-se alguma analogia entre a história contada no livro e o Milagre de Fátima, nomeadamente a aparição de... 13 de Maio de 1917 (entre outros, na adopção de nomes de locais que são facilmente associados a Fátima).
A resposta de 'Mg' está certa, embora os parágrafos estejam trocados!
Dizia-se: «...o que se pretende tem a ver com a essência da história ficcionada pelo autor». E o que autor ficcionou foi uma "charge" ao 13 de Maio de 1917.
O filme estreou num 13 de Maio por causa disso.
--
Se ninguém se opuser, o prémio (um exemplar de «O Passageiro do Expresso», de J. R. Miguéis será enviado a 'Mg' (a quem peço que envie morada para sorumbatico@iol.pt, pois não a tenho aqui comigo).
Já agora:
Salomé é uma jovem pobre, de aldeia, que vai para a grande cidade como criada de servir, é despedida, e acaba como prostituta.
Um solitário burguês novo-rico (que deve a sua fortuna aos negócios da República) toma-a por conta (praticamente como sua mulher legítima), mas um dia ela quer ir ver a terra de onde veio.
Chega lá, com motorista, mas tem vergonha (pois está ricamente vestida, e ali a pobreza extrema continua), e fica-se ao longe, num monte.
Uns pastorinhos vêem-na e julgam que é "Nossa Senhora", até porque ouvem umas 'trombetas do céu' (é o motorista a tocar a buzina, a chamar a patroa). Ajoelham-se a rezar e fogem para a aldeia.
O "milagre" espalha-se, e nasce uma grande indústria turístico-religiosa em que um dos principais investidores é - precisamente - o cavalheiro que a tem por conta.
Salomé ouve falar do milagre, fica encantada por saber que aconteceu na sua terra, e nunca chega a perceber que a "Senhora" é ela mesma... e fica adoradora de si própria e a rezar a si mesma.
O pano de fundo é a República (implantada recentemente), os militares que conspiram, os anarquistas, etc.
Há algumas diferenças entre o filme e o livro, mas não são de monta.
Enviar um comentário
<< Home