13.5.09

Os homens incertos

Por Baptista Bastos
OS INCIDENTES no Bairro da Bela Vista repõem, de novo, a questão da identidade instável. Não é só a fome, a miséria, o desemprego, a promiscuidade, a ausência de perspectivas, o conceito de cerco que criaram as tensões e os conflitos. Embora essas formas de agressão social fossem mais do que suficientes para os explicar. Aqueles jovens, em última instância, não sabem quem são, e moldaram novas dimensões identitárias.
Quem são os excluídos? Quem se excluiu? Nós. Abandonámo-los. Nasceram em Lisboa mas não são lisboetas; têm a pele escura mas não se sentem africanos; as músicas de que gostam procedem dos Estados Unidos; vestem-se, falam e comportam-se de molde a reivindicarem a "diferença" a que os temos obrigado. A sua comunidade é "outra" porque essa escolha foi-lhes rudemente imposta pela nossa escabrosa indiferença. (...)
Texto integral [aqui]

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2 Comments:

Blogger Manuel Brás said...

I Parte

O acumular de ressentimentos
e a indiferença da sociedade,
têm origem em pensamentos
da mais pura leviandade.

A alienação governativa
e uma sociedade individualista,
originam uma cultura pejorativa
de forte pendor materialista.

O mexilhão acirrado
por uma sociedade materialista,
fica completamente agarrado
a uma cultura negativista.

II Parte

Com o caldo a entornar
e a cumplicidade governamental,
não há forma de enganar
o descalabro estatal.

Dos subsídios dependentes,
uma boa parte dessa gente,
as falhas são estridentes
de uma política negligente.

Ao ver na televisão
aquelas cenas de violência,
ao mexilhão não lhe tiram a razão
de viver no meio da indolência.

Epílogo

Com a cultura de impunidade
há muito instalada,
o bem-estar da comunidade
fica seriamente abalada.

É pegar ou largar,
não olhando a valores,
o dinheiro serve para pagar
todo o tipo de favores.

Ao tomar conhecimento
de negócios funestos,
triste é o lamento
dos mexilhões honestos!

13 de maio de 2009 às 14:00  
Blogger Sepúlveda said...

Óptimo comentário de análise.

E o que é que se fará então, entretanto, para conter o que se passa e para inverter a tendência?...

13 de maio de 2009 às 19:02  

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