Marchas
Por João Paulo Guerra
Santo António já se acabou mas o desfile das marchas continua. E este ano, a par das marchas tradicionais dos bairros típicos de Lisboa, novos marchantes desfilam no tablado da cena política e social.
É A GRANDE MARCHA da Crise que comanda o desfile, seguida da Marcha do Desemprego, levando como padrinhos o Código Laboral e a Precariedade. E lá vêm, a seguir, a Marcha do ‘Lay Off' e o Cortejo da Deslocalização, mais o Préstito do Endividamento. Mas nenhuma consegue comparar-se em Portugal à Marcha da Desigualdade, apadrinhada este ano, como em anteriores, por Sinais Exteriores de Riqueza e pela Pobreza Envergonhada.
A política também está em marcha. Desfila o PS, mas em relação ao desfile do ano passado há muitos marchantes que agora ficaram no passeio, a ver quem passa. Desfilam as Oposições. Na Marcha do PSD falta Paulo Rangel, despachado a grande velocidade para a Marcha da Europa, mas nota-se o regresso de muitos deserdados, ansiosos por voltarem à Grande Marcha dos ‘Boys'.
Na arena da economia, este ano, os banqueiros e gestores desfilaram de pés descalços, como era tradição da Madragoa mas, sobretudo, como passou a ser moda da nova Marcha de Belém. A Marcha do Subsídio pede meças à Marcha dos Benefícios Fiscais. As Marchas da Fuga ao Fisco, do Branqueamento de Capitais e do Enriquecimento Ilícito desfilam ‘offshore'.
E por fim, sozinhos, fora de horas e já quase sem público nas bancadas, desfilam o Zé Povinho e a Maria Paciência. Vêm a arrastar a crise, o desemprego, a precariedade, o endividamento, a desigualdade. Vêm das Caldas, vidrados na Fábrica de Faianças, e trazem nas mãos um simples boletim de papel dobrado em quatro. "Ora toma", dizem quando se cruzam com a Marcha do Poder.
«DE» de 15 de Junho de 2009. Na imagem: a referida Maria Paciência, criação de Rafael Bordalo Pinheiro.
Santo António já se acabou mas o desfile das marchas continua. E este ano, a par das marchas tradicionais dos bairros típicos de Lisboa, novos marchantes desfilam no tablado da cena política e social.
É A GRANDE MARCHA da Crise que comanda o desfile, seguida da Marcha do Desemprego, levando como padrinhos o Código Laboral e a Precariedade. E lá vêm, a seguir, a Marcha do ‘Lay Off' e o Cortejo da Deslocalização, mais o Préstito do Endividamento. Mas nenhuma consegue comparar-se em Portugal à Marcha da Desigualdade, apadrinhada este ano, como em anteriores, por Sinais Exteriores de Riqueza e pela Pobreza Envergonhada.
A política também está em marcha. Desfila o PS, mas em relação ao desfile do ano passado há muitos marchantes que agora ficaram no passeio, a ver quem passa. Desfilam as Oposições. Na Marcha do PSD falta Paulo Rangel, despachado a grande velocidade para a Marcha da Europa, mas nota-se o regresso de muitos deserdados, ansiosos por voltarem à Grande Marcha dos ‘Boys'.
Na arena da economia, este ano, os banqueiros e gestores desfilaram de pés descalços, como era tradição da Madragoa mas, sobretudo, como passou a ser moda da nova Marcha de Belém. A Marcha do Subsídio pede meças à Marcha dos Benefícios Fiscais. As Marchas da Fuga ao Fisco, do Branqueamento de Capitais e do Enriquecimento Ilícito desfilam ‘offshore'.
E por fim, sozinhos, fora de horas e já quase sem público nas bancadas, desfilam o Zé Povinho e a Maria Paciência. Vêm a arrastar a crise, o desemprego, a precariedade, o endividamento, a desigualdade. Vêm das Caldas, vidrados na Fábrica de Faianças, e trazem nas mãos um simples boletim de papel dobrado em quatro. "Ora toma", dizem quando se cruzam com a Marcha do Poder.
«DE» de 15 de Junho de 2009. Na imagem: a referida Maria Paciência, criação de Rafael Bordalo Pinheiro.
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