2.7.09

Ao menos um rascunho

Por Joaquim Letria

SE A CRISE FINANCEIRA internacional não servisse para mais nada, ela cumpre o seu papel de dizer a nós todos que os detentores dos instrumentos de política monetária têm toda a responsabilidade, designadamente a de impedir a desordem financeira.

Pelo menos procuram convencer-nos que algumas intervenções e certas decisões foram tomadas para evitar a contaminação do sistema e a derrocada de certos pilares. No entanto, não é preciso um mestrado para perceber que a política da taxa zero cria graves distorções no mercado da dívida. A intervenção dos bancos centrais estimula os Governos a servirem-se cada vez mais desses instrumentos sem contemplações.

Os patrões dos bancos centrais preferirão privilegiar o crescimento. Mas também é possível que se alcance este objectivo chegando lá por outros caminhos – restabelecendo o sistema financeiro, aumentando as taxas dos depósitos nos Estados Unidos e no Reino Unido e reequilibrando o comércio mundial.

Ben Bernanke, o patrão da Reserva Federal, Jean-Claude Trichet, o patrão do Banco Central Europeu e Mervyn King, o “boss” do Banco de Inglaterra, mesmo ganhando menos do que o nosso Vítor Constâncio, bem podiam preparar o rascunho duma alternativa. Ou não?!

«24 horas» de 2 de Julho de 2009

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