9.7.09

Censura

Por João Paulo Guerra

A média do exame nacional de Matemática do 12.º ano desceu e a taxa de reprovação mais que duplicou. Há que encontrar e denunciar culpados.

ALUNOS? PROFESSORES? O sistema? Nada disso, ei-los: os jornais e os jornalistas. Foi a ministra que disse e o secretário de Estado aprendeu a lição: houve "menos investimento, menos trabalho e menos estudo" por parte dos alunos, o que se deve à propagação, pelos meios de comunicação, "da ideia de que os exames eram fáceis".

Leio todos os jornais e, que me recorde, a facilidade dos exames, de Matemática e outras disciplinas, não passou como ideia antes do acontecimento mas como constatação posterior de um facto, como notícia de um dado que se tornou público, a prova do exame, e pelos comentários dos alunos: "Foi fácil, pá", era título de um jornal um dia após o exame de Matemática; "Era mais fácil do que parecia à primeira vista", titulava um outro. E assim sucessivamente. Foi, era, tempos pretéritos. Mas para o Ministério os alunos leram nos jornais, no dia seguinte, a ideia de que o exame era fácil e assim foram "desincentivados" a estudar nos dias anteriores. A justificação é mais que esfarrapada: é absolutamente ridícula.

O que o Ministério da Educação devia era ter a coragem de decretar a censura prévia às notícias sobre exames. Já agora o da Saúde censurava as notícias sobre listas de espera. E o da Administração Interna as notícias sobre criminalidade. E o da Justiça censurava tudo. E o das Obras Públicas cortava notícias sobre localização de aeroportos e traçados do TGV, para não ter que se desmentir a si próprio ‘jamais', como dizem os franceses.
Com censura às notícias Portugal não passava a ser o melhor dos mundos. Mas teria o melhor dos governos.
«DE» de 9 de Julho de 2009

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2 Comments:

Blogger Manuel Brás said...

I Parte

Mais que esfarrapada,
o ridículo simplista,
a justificação empapada
da educação socialista.

Tamanha é a coragem
desta ridícula postura,
a educação é uma miragem
com esta falta de cultura!

II Parte

As banalidades repetitivas
e esta faceta piedosa,
são atitudes inventivas
de uma aberração rendosa.

Os despojos educativos
desta política miserável,
são ademais elucidativos
da podridão deplorável.

9 de julho de 2009 às 15:03  
Blogger Mg said...

Afinal, não eram tão facéis quanto isso.
Que chatice, pá!

9 de julho de 2009 às 18:52  

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