Censura
Por João Paulo Guerra
A média do exame nacional de Matemática do 12.º ano desceu e a taxa de reprovação mais que duplicou. Há que encontrar e denunciar culpados.
ALUNOS? PROFESSORES? O sistema? Nada disso, ei-los: os jornais e os jornalistas. Foi a ministra que disse e o secretário de Estado aprendeu a lição: houve "menos investimento, menos trabalho e menos estudo" por parte dos alunos, o que se deve à propagação, pelos meios de comunicação, "da ideia de que os exames eram fáceis".
Leio todos os jornais e, que me recorde, a facilidade dos exames, de Matemática e outras disciplinas, não passou como ideia antes do acontecimento mas como constatação posterior de um facto, como notícia de um dado que se tornou público, a prova do exame, e pelos comentários dos alunos: "Foi fácil, pá", era título de um jornal um dia após o exame de Matemática; "Era mais fácil do que parecia à primeira vista", titulava um outro. E assim sucessivamente. Foi, era, tempos pretéritos. Mas para o Ministério os alunos leram nos jornais, no dia seguinte, a ideia de que o exame era fácil e assim foram "desincentivados" a estudar nos dias anteriores. A justificação é mais que esfarrapada: é absolutamente ridícula.
O que o Ministério da Educação devia era ter a coragem de decretar a censura prévia às notícias sobre exames. Já agora o da Saúde censurava as notícias sobre listas de espera. E o da Administração Interna as notícias sobre criminalidade. E o da Justiça censurava tudo. E o das Obras Públicas cortava notícias sobre localização de aeroportos e traçados do TGV, para não ter que se desmentir a si próprio ‘jamais', como dizem os franceses.
Com censura às notícias Portugal não passava a ser o melhor dos mundos. Mas teria o melhor dos governos.
«DE» de 9 de Julho de 2009
Etiquetas: autor convidado, JPG
2 Comments:
I Parte
Mais que esfarrapada,
o ridículo simplista,
a justificação empapada
da educação socialista.
Tamanha é a coragem
desta ridícula postura,
a educação é uma miragem
com esta falta de cultura!
II Parte
As banalidades repetitivas
e esta faceta piedosa,
são atitudes inventivas
de uma aberração rendosa.
Os despojos educativos
desta política miserável,
são ademais elucidativos
da podridão deplorável.
Afinal, não eram tão facéis quanto isso.
Que chatice, pá!
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