Futebol e Nacionalismo
Por Maria Filomena Mónica
HÁ COISAS QUE SÓ A MIM acontecem. Este ano [2008] deliberei tirar férias ibéricas, a começar no dia 30 de Junho, jamais me tendo passado pela cabeça que os espanhóis pudessem vir a ganhar o campeonato europeu de futebol. Ora, como toda a gente sabe, foi isso que aconteceu. O hotel que tinha marcado ficava junto da Plaza Cólon, pelo que fui forçada a competir com os heróis do dia a fim de entrar na Calle Serrano. Evidentemente, perdi. Sem alternativa, fiquei entre os 400.000 castelhanos, bascos, catalães, galegos e andaluzes vibrando em uníssono. Pelos vistos, a nação espanhola ainda existe. Num cartaz à minha frente, pedia-se à presidente da câmara de Mostoles que atribuísse «el nombre de la madre que parió a Iker Casillas» (o guarda redes da selecção) a uma rua local: não a ele, note-se, mas à mãe. Apesar de não conhecer bem o que se passa nos esconderijos da alma lusa, conclui que os espanhóis pertenciam a uma raça diferente. (...)
HÁ COISAS QUE SÓ A MIM acontecem. Este ano [2008] deliberei tirar férias ibéricas, a começar no dia 30 de Junho, jamais me tendo passado pela cabeça que os espanhóis pudessem vir a ganhar o campeonato europeu de futebol. Ora, como toda a gente sabe, foi isso que aconteceu. O hotel que tinha marcado ficava junto da Plaza Cólon, pelo que fui forçada a competir com os heróis do dia a fim de entrar na Calle Serrano. Evidentemente, perdi. Sem alternativa, fiquei entre os 400.000 castelhanos, bascos, catalães, galegos e andaluzes vibrando em uníssono. Pelos vistos, a nação espanhola ainda existe. Num cartaz à minha frente, pedia-se à presidente da câmara de Mostoles que atribuísse «el nombre de la madre que parió a Iker Casillas» (o guarda redes da selecção) a uma rua local: não a ele, note-se, mas à mãe. Apesar de não conhecer bem o que se passa nos esconderijos da alma lusa, conclui que os espanhóis pertenciam a uma raça diferente. (...)
Texto integral [aqui]
Etiquetas: FM
1 Comments:
Cara Maria Filomena Mónica,
Já chego com algum atraso mas ainda assim não resisto a dirigir-lhe ao seu artigo Futebol e Nacionalismo .
Embora não seja um fã de futebol, compreendo perfeitamente quem vibra com os sucessos do seu clube, as vitórias da selecção e, porque não dizê-lo, o fracasso dos clubes rivais. Compreendo tudo isto porque eu próprio sou um fã de desporto em geral e de rugby em particular, que a par com todas as outras modalidades que não o futebol, anda muito mal-tratada neste país.
Como parte da nossa cultura o futebol deve ser respeitado e aceite, embora, como vou mostrar adiante partilhe das suas manias de snob cultural. E faço-o porque vejo miúdos que ambicionam ser o Ronaldo, um jogador que à parte de todo o mérito desportivo, fala um português incompreensível, para não dizer macarrónico. Faço-o porque vejo 22 atletas alinhados antes de um jogo, murmurando o hino nacional para camuflar o facto que não o sabem e porque foi preciso vir um treinador estrangeiro e haver um grande evento futebolístico em Portugal para mobilizar o país inteiro, como há décadas não se via.
Louvo o futebol como expressão cultural e entretenimento nacional. Condeno a forma como o futebol se tornou a única forma de expressarmos o nosso nacionalismo.
Cumprimentos.
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