Animação
Por João Paulo Guerra
E se isto por um lado é bom para o status, por outro é mau para a ocupação da mente e dos tempos livros dos portugueses. Sem uma boa quezília, com alguma dose de mistério e um quanto baste de intriga ao mais alto nível do Estado, com que vão entreter-se os portugueses nos tempos mais próximos? Vão dedicar-se ao debate das ideias, questionar a história, debater a filosofia, ou interrogar mesmo a filosofia da história, vão contribuir para a nobreza da política, para a participação cívica e cultural, para a elevação da cidadania, vão dedicar-se a causas? Ou vão muito simplesmente refastelar-se no sofá da indiferença?
Os portugueses são muito dados ao conformismo. E Portugal criou mesmo um aforismo que resume este modo português de estar na vida de costas virada para os outros: “A minha política é o trabalho”, o que dá imenso jeito aos políticos absolutistas. Mas com uma boa intriga política despertam os espíritos para as superiores questões do poder e da política. Até os taxistas – esse barómetro do Portugal profundo - puxam conversa sobre o assunto. “E será que “eles” conseguem entrar no meu taxímetro?”, perguntava-me um taxista um destes dias de grande animação.
Dá ideia que o mau tempo já lá vai, nas relações entre Belém e São Bento, o lugar-comum do confronto político desde que Portugal vive em democracia.
PODE SER QUE FIQUEM resquícios de mal-estar no relacionamento institucional, como no 5 de Outubro com cada um em sua República. Pode acontecer que num futuro não muito longínquo o chefe de Estado e o “partido do governo” ajustem contas nas presidenciais. Mas, para já, reina a calma em todo o País, como proclamava o Governo de Marcelo Caetano mês e meio antes de ser deitado abaixo.E se isto por um lado é bom para o status, por outro é mau para a ocupação da mente e dos tempos livros dos portugueses. Sem uma boa quezília, com alguma dose de mistério e um quanto baste de intriga ao mais alto nível do Estado, com que vão entreter-se os portugueses nos tempos mais próximos? Vão dedicar-se ao debate das ideias, questionar a história, debater a filosofia, ou interrogar mesmo a filosofia da história, vão contribuir para a nobreza da política, para a participação cívica e cultural, para a elevação da cidadania, vão dedicar-se a causas? Ou vão muito simplesmente refastelar-se no sofá da indiferença?
Os portugueses são muito dados ao conformismo. E Portugal criou mesmo um aforismo que resume este modo português de estar na vida de costas virada para os outros: “A minha política é o trabalho”, o que dá imenso jeito aos políticos absolutistas. Mas com uma boa intriga política despertam os espíritos para as superiores questões do poder e da política. Até os taxistas – esse barómetro do Portugal profundo - puxam conversa sobre o assunto. “E será que “eles” conseguem entrar no meu taxímetro?”, perguntava-me um taxista um destes dias de grande animação.
«DE» de 7 de Outubro de 2009
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