9.10.09

Maravilhas

Por João Paulo Guerra
Um estudo do Reputation Institute publicado pela revista Economist veio confirmar aquilo que toda a gente já sabia ou pelo menos pressentia: os portugueses têm mesmo uma auto-estima muito em baixo. Nem outra coisa seria de esperar. Um País que vive atrelado ao fundo de todas as tabelas não tem qualquer razão para sentimentos de auto-estima.
SE BEM QUE A AUTO-ESTIMA também tenha que se lhe diga. Auto-estima em alta tinha a carneirada que estendia o braço mal se pronunciava o nome do ridículo homenzinho de bigode e que o seguiu cegamente em todas as barbaridades e também numa espécie de suicídio colectivo contra o mundo e a civilização. Mas a avaliação das auto-estimas nacionais publicada pelo Economist tem como factores a confiança, o respeito, a admiração e o orgulho relativamente aos respectivos países. E pelos resultados da avaliação conclui-se então que os portugueses têm a auto-estima em baixo. Isto é, confundem a vida que lhes é imposta com o País que têm e que, em grande parte, desconhecem.

Por exemplo. Está patente em Lisboa, no Museu Nacional de Arte Antiga, uma pequena e fantástica exposição internacional, com componentes nacionais, sobre a decisiva prestação portuguesa para a intercomunicação no mundo. Nos séculos XVI e XVII, Portugal era uma Internet à velocidade das caravelas. E o que através das navegações Portugal ajudou a revelar ao mundo constitui uma verdadeira Câmara de Maravilhas que faz parte da exposição.

Ora a exposição recebeu até ao momento apenas 50 mil visitantes, o que até nem é mau mas é muito pouco. Óptimo seria que os portugueses soubessem a sua história e a sua língua. Porque foi através do conhecimento que os portugueses alguma vez na História saíram da cepa torta.

«DE» de 8 de Outubro de 2009

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