Nobel da Paz, um equívoco lamentável
Por Alfredo Barroso
ATRIBUIR O PRÉMIO Nobel da Paz a um presidente dos EUA, Barak Obama, que aposta na intensificação da guerra no Afeganistão, é tão contraditório como atribuir esse mesmo prémio ao anterior Presidente dos EUA, George W. Bush, por ter invadido o Iraque com o pretexto de alcançar a Paz no Mundo.
Nunca compreendi que o Nobel da Paz tivesse sido atribuído anteriormente a um «Senhor da Guerra» como Henry Kissinger, pelo facto de este ter negociado a paz num Vietname arrasado pelos tapetes de bombas «made in USA». Sobretudo, tratando-se de um dos políticos mais cínicos que alguma vez exerceram o poder em Washington – e politicamente responsável pelo golpe de Estado de Pinochet no Chile.
Tenho admiração por Barak Obama e regozijei-me com a sua vitória sobre John McCain. Mas sempre achei um erro que ele tivesse apostado na intensificação da guerra no Afeganistão, como compensação para uma retirada, muito duvidosa, do Iraque. Foi como se tivesse dado razão a George W. Bush, quando este sustentou que, para lutar contra o terrorismo, era preciso fazer a guerra, ao preço de muitos milhares de mortos.
Ao atribuir o Prémio Nobel da Paz a um Presidente que aposta na intensificação de uma guerra inútil e perigosa para a paz no Mundo, o comité norueguês que atribui o prémio cravou mais alguns pregos no caixão de um Nobel desacreditado. Uma coisa é a Paz no Mundo, outra é a perigosa «Pax Americana». Eis o lamentável equívoco.
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NOTA (CMR): esta e outras crónicas de A.B. estão também afixadas no seu blogue Traço Grosso.
ATRIBUIR O PRÉMIO Nobel da Paz a um presidente dos EUA, Barak Obama, que aposta na intensificação da guerra no Afeganistão, é tão contraditório como atribuir esse mesmo prémio ao anterior Presidente dos EUA, George W. Bush, por ter invadido o Iraque com o pretexto de alcançar a Paz no Mundo.
Nunca compreendi que o Nobel da Paz tivesse sido atribuído anteriormente a um «Senhor da Guerra» como Henry Kissinger, pelo facto de este ter negociado a paz num Vietname arrasado pelos tapetes de bombas «made in USA». Sobretudo, tratando-se de um dos políticos mais cínicos que alguma vez exerceram o poder em Washington – e politicamente responsável pelo golpe de Estado de Pinochet no Chile.
Tenho admiração por Barak Obama e regozijei-me com a sua vitória sobre John McCain. Mas sempre achei um erro que ele tivesse apostado na intensificação da guerra no Afeganistão, como compensação para uma retirada, muito duvidosa, do Iraque. Foi como se tivesse dado razão a George W. Bush, quando este sustentou que, para lutar contra o terrorismo, era preciso fazer a guerra, ao preço de muitos milhares de mortos.
Ao atribuir o Prémio Nobel da Paz a um Presidente que aposta na intensificação de uma guerra inútil e perigosa para a paz no Mundo, o comité norueguês que atribui o prémio cravou mais alguns pregos no caixão de um Nobel desacreditado. Uma coisa é a Paz no Mundo, outra é a perigosa «Pax Americana». Eis o lamentável equívoco.
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NOTA (CMR): esta e outras crónicas de A.B. estão também afixadas no seu blogue Traço Grosso.
Etiquetas: AB
12 Comments:
Fiquei contentíssima com a atribuição do prémio a Obama.
A comparação com Kissinger parece-me infeliz: é como comparar a beira da estrada com a estrada da Beira.
Os argumentos apresentados também não me convencem. Qual é a alternativa à guerra no Afeganistão? A alternativa é a retirada?
A imagem que ilustra o post também me parece muito infeliz.
Nãovaleapenismo
Defini com um colega de trabalho um novo estilo de vida - o nãovaleapenismo - que consiste em reconhecer que boa parte das chatices, simplesmente "não valem a pena". Essa filosofia nova situa-se entre o budismo mais zen e o laxismo, sem cair no último.
Assim, pode dizer-se, por exemplo, que "o nãovaleapenismo de fulano confere-lhe maior bem estar e resiliência face às vicissitudes", ou "o nãovaleapenismo de sicrano não condiz com a sua filiação comunista, mas acaba por ser coerente", ou finalmente "os portugueses, cansados de tanta corrupção, adoptaram um nãovaleapenismo em relação à política".
Boa tarde,
Mário Macedo
Eu também gosto muito do Obama e fiquei muito contente por ter ganho as eleições.
Mas o que está aqui em causa, com o Nobel, é outra coisa (e não falo do Afeganistão, que A. Barroso refere):
É que, até agora, esses prémios sempre foram atribuídos tendo em conta algo que se fez. Este, ao invés, parece ser relativo ao que se espera que ele venha a fazer.
Essa discrepância é o que está a gerar perplexidade.
A alternativa é a retirada? É sim senhora. Antes que as tropas da NATO se atasquem num pântano semelhante ao da guerra do Vietnam - ou, se preferir, num pântano semelhante àquele em que se atascaram as tropas sovièticas quando invadiram e ocuparam o Afeganistarão durante dez anos. Num caso e no outro, promovendo governos fantoches. Não é abrindo sucessivas frentes de guerra por esse mundo fora que se luta a sério contra o terrorismo.
Quanto à capa da «MAD», convirá dizer que esta é uma das melhores revistas de humor que há nu mundo livre e democrático em eu quero continuar a viver. Só as ditaduras temem o humor...
Sr. Alfredo Barroso:
Eu, normalmente, não gosto das suas crónicas porque acho que o Sr. só vê num sentido.
No entanto, desta vez...OS MEUS PARABÉNS!
Sr. Alfredo Barroso
Esta crónica não tem nem pés nem cabeça. Para si, talvez, o Prémio Nobel da Paz foi melhor atribuido ao Yasser Arafat do que ao Obama. Não concordo com o que escreve. É engravatado. Passe muito bem.
Gostava de saber qual a alternativa de Alfredo Barroso à "perigosa Pax Americana". Talvez a "Pax Russa", ou a "Pax Sínica", ou, talvez ainda melhor, a "Pax Teeranica"?
Os nosos filhos e netos ainda terão muitas saudades da Pax Americana...
Esclareço que sou contra a intervenção no Iraque (o pior erro que o Ocidente cometeu no último meio século) e contra a ocupação do Afeganistão.
Este comentário foi removido pelo autor.
O que as pessoas que me criticam parece que não compreendem é isto: como é que se pode atribuir um Prémio Nobel da Paz a quem está empenhado em incentivar uma guerra (por mais nobres que sejam os motivos)?
Que diabo, acham que é preciso ter um curso superior para perceber a contradição?
Não percebem que o facciosismo político e ideológico, seja ele de esquerda ou de direita, é uma idiotice que se paga cara?
E não acham que um prémio é para «premiar» o que já se fez e não propriamente o que se deseja que venha a ser feito?
Concordo em absoluto com o Dr. Alfredo Barroso. Aliás, já não se percebe bem a razão pela qual se permanece no Afeganistão. Já lá vão oito anos e nada de Bin Laden. Ou seja, acaba por se tornar uma guerra sem qualquer justificação.
A "Mad" até podia ser o supra-sumo da bananeira. Todavia, este blogue não é a "Mad" e também não é preciso tirar um curso superior para entender o que afirmei: o contexto em que a imagem surge é que me parece muito infeliz.
Quanto a facciosismo político, nem sequer me vou pronunciar: as razões para a atribuição do prémio foram fornecidas pela Academia. Talvez fosse uma boa ideia ouvi-las e argumentar em função delas.
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