Pobreza
Por João Paulo Guerra
Vá lá que o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza calhou este ano a um sábado. Ao fim-de-semana, com muito mais que fazer que nos chamados dias úteis, passa mais despercebido e incomoda menos as pessoas o falatório sobre indicadores desagradáveis como sejam:
A PREVALÊNCIA DE 18 POR CENTO de pobres (isto é, com rendimentos inferiores a 406 euros mensais) entre a população pobreza; uma tendência acentuada para o agravamento da situação; o facto da grande maioria dos pobres se encontrar em plena idade activa; o facto dos idosos, crianças e jovens constituírem os grupos etários com maior taxa de risco de pobreza; os dados sobre a instituição da desigualdade em Portugal que revelam que 20 por cento da população com maior rendimento recebeu, em 2008, mais de 6 vezes o rendimento dos 20 por cento da população com o rendimento mais baixo; o facto de todos estes dados serem anteriores aos mais recentes e dramáticos indicadores sobre o desemprego em Portugal.
Mas enfim, o fim-de-semana já lá vai, indicadores leva-os o vento e bem basta que alguém se tenha lembrado de timbrar 2010 como o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social. Para o ano as pessoas dão conta da evolução dos dados, eventualmente dizem-se preocupadas mas, com a crise, há que continuar a fazer sacrifícios. Além disso, para o ano há eleições em Tonga, Catar, Guiné Equatorial, Brasil, Filipinas mas não em Portugal. E as eleições, como toda a gente sabe, são a quadra propícia para dar largas aos instintos filantrópicos dos políticos quanto aos pobrezinhos. De maneira que em função da crise, e perante o quadro político, os pobrezinhos não têm mais que fazer a não ser cumprir o seu destino: tenham paciência.
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