O legislativo que quer ser executivo
Por Antunes Ferreira
O DESPLANTE deveria pagar impostos – mas não paga. Deveria ter limites – mas não tem. Porque o desplante, como diria o Amigo Banana, é isso mesmo: um desplante. Não vou mais longe. Os comentários feitos pelo Presidente da República a propósito da hipótese da possível ingovernabilidade do País, são um desplante.
Cavaco Silva sustentou ontem no Porto que é possível um executivo minoritário governar bem. E citou como exemplo António Guterres que o fez ao longo de seis anos. Nada a opor. É, mesmo, quase comovente esse reconhecimento e a correspondente citação. Quem disse que na política à portuguesa não existe o fair play? Bastava esta afirmação do ainda inquilino de Belém para confirmar que sim senhor, existe. (...)
Texto integral [aqui]O DESPLANTE deveria pagar impostos – mas não paga. Deveria ter limites – mas não tem. Porque o desplante, como diria o Amigo Banana, é isso mesmo: um desplante. Não vou mais longe. Os comentários feitos pelo Presidente da República a propósito da hipótese da possível ingovernabilidade do País, são um desplante.
Cavaco Silva sustentou ontem no Porto que é possível um executivo minoritário governar bem. E citou como exemplo António Guterres que o fez ao longo de seis anos. Nada a opor. É, mesmo, quase comovente esse reconhecimento e a correspondente citação. Quem disse que na política à portuguesa não existe o fair play? Bastava esta afirmação do ainda inquilino de Belém para confirmar que sim senhor, existe. (...)
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3 Comments:
A ideia de que o problema do país advém do facto de a Oposição se opor (quando, de facto, está lá, foi eleita e é paga para isso...) merece ser analisada com atenção.
Imagino que, em todos os países onde haja parlamentos multipartidários, surjam situações como a nossa, em que o partido vencedor das eleições tenha apenas maioria relativa. Imagino até que maiorias absolutas monopartidárias sejam raras.
Naturalmente, isso obriga os partidos vencedores a um exercício de humildade e negociação que está 'um pouco' afastado dos gostos do actual PS - habituado, durante 4 anos e meio, ao quero-posso-e-mando, com a agravante do ódio que Manuela Ferreira Leite mostra para com Sócrates (e que parece ir muito para além da mera oposição política - sendo mais algo de pessoal).
Julgo que a análise que JPP faz deste impasse no ABRUPTO está correcta e merece ser lida:
«Existe um impasse na vida política portuguesa? Existe. E não adianta andar numa chuva de acusações aos “políticos” pela sua “irresponsabilidade”, porque bem vistas as coisas, ninguém vota nos políticos que podiam fazer a diferença, a comunicação social abate-os para gaúdio dos piores, e ninguém, a começar pelos portugueses, está disposto a votar em soluções que impliquem risco e dificuldades. A situação actual é um bom espelho disso mesmo: os portugueses quiseram um PS sem maioria, dois partidos tribunícios a crescer e a única alternativa do governo enfraquecida. Ou seja, os portugueses quiseram protestar mesmo que isso significasse a ingovernabilidade. E quiseram-no muito conscientemente, porque a situação actual foi desejada pelo eleitorado, até muito racionalmente. (...) - Texto integral [aqui]»
Fico sempre com pé-de-galinha quando leio que os portugueses decidiram o que quer que tenha sido, mormente, a atribuição da governação a determinado partido com as condições especificadas. Isto pressupõe que todos nós nos juntámos numa grande sala, onde discutimos o assunto em causa, ouvimos e opinámos e decidimos, então, que cada um de nós votaria de tal modo concreto que o resultado obtido fosse o que havia sido decidido.
Cada um de nós vota como bem entende e após a contagem dos votos é que se sabe o que daí resulta. Vir dizer que o "país" quis dar a vitória ao PS, mas sem maioria, é uma conclusão que eu não posso admitir que tirem por mim, mesmo que se trate de JPP. Não ouviu a minha opinião, que lhe não daria, mesmo que fosse consultado, o que é improvável, como bem se sabe.
Quanto às opiniões do PR (quando entende emiti-las), ou são descabidas ou pouco entendíveis para o comum dos cidadãos. Jogos florais para consumo dos entendidos, ou nem isso.
Não me parece bem que digam isso, não. É revoltante! Um pouco como aquela história dos votos brandidos por Algre como se fossem dele. Eu votei num certo partido como se ele pudesse ter 100% dos votos. No máximo, imagino alguma gente a votar no B a contar que o A já terá votos suficientes para se ficar pela maioria relativa. Mas se vota B é por querer dar poder ao B, ainda que se dê ao "luxo" de não ajudar à chamada governabilidade (que só depende dos jogos de interesses dos partidos).
É certo que alguns anteriores eleitores do PS decidiram já não votar nele, o que não significa que outros não tenham votado PS pela primeira vez.
Era bom que na política se tentasse mais ser do que parecer, especialmente no que toca às acusações cruzadas, quando A tenta fazer B parecer mal.
E vamos sonhando com esse mundo cor de rosa...
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