10.12.09

Milhão

Por João Paulo Guerra
Manuel Alegre tinha uma frase engatilhada para a eventualidade de passar à segunda volta nas presidenciais de 2006, o que não aconteceu por poucos milhares de votos, a menos no candidato vencedor ou a mais distribuídos por todos os candidatos vencidos. Citando Edgar Morin, Manuel Alegre diria que "A história é a vitória do improvável".
AS PRESIDENCIAIS DE 2006 seguiram-se às legislativas de 2005. E no espaço de um ano aconteceu um fenómeno extraordinário: o PS mais os partidos à sua esquerda desbarataram uma maioria de quase 60 por cento, obtida em 2005, entregando pela primeira vez à direita as chaves do Palácio de Belém, pela margem mais estreita alcançada por um chefe de Estado na democracia em Portugal. E essa é que constituiu a maior de todas as improbabilidades. Sabe-se como foi: alguém tratou de dividir o eleitorado socialista e, para mais, de 2005 para 2006 meio milhão de votos PS levaram sumiço. É de crer que alguns – e até alguns bem conhecidos – terão votado na “cooperação estratégica”.

A concorrer sem organização e sem dinheiro, Alegre chegou ao segundo lugar e ao milhão de votos, contra candidatos oficiais de todas as marcas de máquinas partidárias. E esse milhão tem vindo a ser agitado nestes últimos anos e é agora falado mais uma vez quando surgem os primeiros sinais para as presidenciais de 2011. Mas atenção: Manuel Alegre até poderá valer bastante mais que um milhão de votos. Mas aquele milhão que Alegre obteve em 2006 não foi só uma quantidade de votos. Foi, acima de tudo, uma qualidade. E uma qualidade que só se reconstitui e só tem validade e eficácia em circunstâncias muito particulares.

2011 não está tão longe como isso e muita gente já deve andar a contas com o cálculo de probabilidades.

«DE» 7 Dezembro 09

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2 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Acerca do "milhão de votos" que Alegre continua a brandir como se fossem eternos, afixou-se em tempos um post que se pode ler [aqui].

No essencial, dizia-se:

A RETIRADA DOS 125 MIL

EM 2006, nas eleições presidenciais, votei em Manuel Alegre e nunca me arrependi. Mas o apoio que lhe dei foi só para isso, e esgotou-se nessa noite. Assim, confesso que me irrita quando o oiço brandir "o seu milhão de votos" (entre os quais está o meu!) para outras coisas que nada têm a ver com isso - como, porventura, a regionalização, a luta contra a co-incineração, ou outras coisas que ele entenda defender e com as quais eu posso concordar ou não.
A menos que... Bem, a menos que se atente no seguinte: ele teve, na realidade, 1.125.077 votos pelo que, mesmo que haja 1 milhão de "devotos" sobram mais de 125 mil "sem compromisso"...

10 de dezembro de 2009 às 19:46  
Blogger Pedro Boavida said...

No tempo da minha avó chamava-se a isto:

"Contar com o ovo e ele ainda no cú da galinha"

Sondagens valem o que valem.
E não valem nada. Vejam as sondagens das legislativas em relação ao CDS-PP...

10 de dezembro de 2009 às 22:06  

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