14.12.09

O visitador

Por Joaquim Letria

VISITAR É AQUILO que melhor se pode fazer para estar com quem se gosta sem ter de aturar os chatos, presunçosos e incompetentes, nem um bocadinho.

Há anos que só leio o Expresso quando lá escreve o Luís Fernando Veríssimo. Se ele não está lá, tenham paciência, como se diz aos pobrezinhos. Agora quando ele escreve, não só vejo o que mandou, como aproveito para reler o atrasado e, às vezes, ainda vou a alguma livraria saber se, por acaso, não terão publicado, entretanto, um livro mais recente dele, além de procurar os jornais brasileiros.

Também visito o Ferreira Fernandes. De caminho vejo se o Diário de Notícias tem Vasco da Graça Moura. Se está fresco, fico com 100 gramas, ou então peço para me guardarem 250 de Adriano Moreira. Não vale a pena outras leituras domésticas. Além de desaprendermos, aborrecem-nos e enfastiam-nos.

Mesmo assim, ainda vou ao JN ler o Manuel António Pina, passo pelo Público por causa da Teresa Lucas Coelho e do Luís Afonso, e saboreio o António Lobo Antunes, na Visão. É uma delicia, andarmos de visita ou estarmos quietinhos, escondidos no bem bom, com quem vale a pena e de quem a gente gosta.

«24 horas» de 14 de Dezembro de 2009

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