Lisboa, Av. 5 de Outubro, esta tarde
EM HOMENAGEM àqueles que, por altura das chuvas de Inverno, limpam as sarjetas depois das inundações, o próximo passatempo do Sorumbático terá, como prémio, o livro cuja capa aqui se vê. Entretanto, sugere-se a leitura do pequeno texto «Os resolve-'dores'», dedicado àqueles que convivem mal com o verbo prever...
5 Comments:
Os resolve-dores
EM TEMPOS que já lá vão, um administrador de uma empresa disse-me que pretendia contratar um gestor de obras e perguntou-me se eu conhecia alguém que estivesse disponível.
Depois de alguns contactos, consegui desencantar um colega que se mostrou interessado e que me apressei a recomendar recorrendo ao que - pensava eu...- era o melhor argumento em seu favor: «Ele é óptimo a resolver problemas!».
No entanto, e para minha grande surpresa, o meu interlocutor abanou a cabeça, sorriu, e, com uma paternal palmadinha no ombro, deu-me a seguinte resposta que nunca mais esquecerei:
«Obrigado, meu caro, mas eu não preciso de quem RESOLVA problemas; gente dessa há por aí aos pontapés. Eu preciso é de quem saiba ANTECIPÁ-LOS, para que não cheguem, sequer, a surgir».
E rematou, ao mesmo tempo que me estendia a mão, dando a conversa por encerrada: «Nunca se esqueça que, nos negócios - como na política - GERIR É PREVER».
Fiquei sem saber o que dizer, mas lembro-me sempre das suas palavras quando ouço pessoas a gabar-se de que são os melhores para resolver os problemas da empresa, do país, ou da autarquia.
Mas o certo é que, pensando bem, talvez estas tenham razão, pois uma empresa de consultadoria estrangeira concluiu, não há muito tempo, que «os gestores portugueses são muito bons a resolver os problemas que eles próprios criam»...
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CMR - Publicado no «Público» de 24 Jan 2006
Ainda há umas espécies, como os chimpanzés, que são capazes de aprender com tentativas sucessivas.
Outras espécies (que não me atrevo a nomear)nem isso...
Luís, havia um anúncio televisivo muito bom a esse respeito envolvendo um "Gervásio" e a reciclagem.
Mas poucos terão tirado daí qualquer lição...
De vez em quando, perante a falência da Justiça, da Segurança, da Saúde, etc, há quem questione:
«Mas, afinal, para que serve o Estado?!» - «e as autarquias?», junto eu.
Ainda há dias, ficámos a saber que só 2 municípios tinham elaborado os projectos de Protecção Civil a que são obrigados.
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Sim, para que serve essa multidão de indivíduos, a quem pagamos o ordenado, se não são capazes de coisas tão simples como garantir a fluidez do trânsito e desentupir sarjetas?!
Dir-se-á que são milhares delas, e que sai mais barato desentupir, DEPOIS, apenas "aquela dúzia" que causa sempre problemas.
Seja.
Mas, se "essa dúzia" é sempre a mesma, porque é que - ao menos essas, chiça! - não são limpas atempadamente?!
Juntou-se afoto, tirada ao princípio da tarde de hoje, na zona do Campo Grande - uma daquelas que "entope sempre"...
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