4.2.10

Não caias, s.f.f., pede a Oposição

Por Ferreira Fernandes

HÁ, SEM DÚVIDA, uma crise ("risco da dívida portuguesa dispara para dívida recorde", "bolsas portuguesas e espanholas têm as maiores quedas do mundo" - notícias de ontem, com nuvens negras de crise mundial, velhas de mais de um ano, como pano de fundo). Mas quando sabemos que há uma crise séria? Uma crise, mesmo? É quando nos acontece o que nos acontece.
Passo a narrar.
A Oposição vai votar - e, se unida, vai ganhar a votação - o aumento de verbas para a Madeira. Aprovado o projecto de lei, o Presidente da República promulga-o ou veta-o. Seria natural que o Governo, colocado em minoria neste caso, gostasse que o PR vetasse e, por uma vez, fosse seu aliado. Mas os sinais que temos é que o PS prefere que a corda fique esticada, com Oposição e PR juntos, de forma a dar pretexto ao Governo para cair. Pelo seu lado, seria também natural que a Oposição visse com bons olhos que o PR promulgasse a lei que ela votou. Mas há também sinais de que, perante a possibilidade de queda do Governo, a Oposição preferia, afinal, que o PR vete. Os que votaram a lei querem a sua perda, os que a recusaram, a sua vitória.
Confusos? Era aí que eu queria chegar: isso é que é a tal crise, mesmo. Crise, mesmo, é quando o Governo quer cair e a Oposição quer é segurá-lo
«DN» de 4 Fev 10

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5 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

A rábula pode, de facto, ser a seguinte:
A Oposição vota a favor do dinheiro para a Madeira, e depois Cavaco veta 'a coisa'.

É uma repetição da história d' «O Primeiro de Janeiro», que entrevistou o Afonso Costa (já nos tempos do salazarismo), e ficou com medo de publicar a entrevista.

Então, enviou-a à Censura com pedido... para ser cortada!
Assim, ficaria de bem com todos... se não se tivesse vindo a saber - como veio.

4 de fevereiro de 2010 às 17:17  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Procurando notícias acerca deste assunto, reparo que o «SOL» já aderiu ao Novo Acordo Ortográfico:

«...exceção, respeitante aos projetos...»

4 de fevereiro de 2010 às 19:17  
Blogger Nuno Sotto Mayor Ferrao said...

A questão da queda da queda da bolsa portuguesa é decorente dos efeitos mediáticos de premissas falsas. Na verdade, sabemos que as instituições financeiras estiveram por detrás da grande crise de 2008/2009 que abalou o mundo e portanto parece-me inaceitável a leviandade com que o Comissário Almunia e as agências de rating fazem os seus juízos fáceis.

Importa fazer regressar a ética pública e libertar a política da dependência das instituições financeiras, como o Dr. Mário Soares, e outros pensadores, nos têm vindo a recordar nos últimos anos. Como fazê-lo ? Não sei... Mas sem isso, a crise de valores morais que perpassa a comunidade internacional será cada vez mais profunda!

Temos de assumir a condição de verdadeiros cidadãos do mundo, face aos graves problemas ambientais e éticos do mundo em que vivemos, construindo verdadeiras forças supranacionais que não se deixem manietar pelas estratégias especulativas dos poderes financeiros, dando renovado poder à ONU, às ONG's e à opinião pública mundial!

Sem isso, a política nacional e internacional continuará enredada em ilusórias fantasmagorias!

Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

7 de fevereiro de 2010 às 02:28  
Blogger Ribas said...

O valor que a aprovação desta Lei representa é uma gota de água, comparando com o despesismo do estado.
Ainda assim, considerando que na situação actual todoas as gotas contam, o momento não parece adequado para aumentar mais a despesa.
Mas daí, atribuir a este diploma o descalabro da nossa Nação e da imagem externa, parece-me um aproveitamento político ridículo.
Parecem uns meninos birrentos a brincar com problemas de adultos.

7 de fevereiro de 2010 às 14:42  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Mao Tse Tug dizia que «os inimigos dos nossos inimigos são nossos amigos», um princípio que levou os chineses a apoiarem indivíduos como Pinochet, só porque a URSS o atacava.

Neste caso, a Oposição apoia as pretensões de A.J.Jardim só porque elas se opõem ao Governo.

São atitudes como essa (independentemente das verbas em causa serem grandes ou pequenas) que desacreditam a política e os políticos - até porque o PS era capaz de fazer exactamente o mesmo...

7 de fevereiro de 2010 às 14:59  

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