Na Grécia, tanto quanto me é dado a conhecer, a terra não é muito fértil em diamantes e petróleo...
E se faz parte da UE, há que ser solidário (na medida ponderada e justa), da mesma forma que, talvez, um dia, vamos querer que sejam solidários connosco.
Há muitos, MUITOS anos, um namorado de uma senhora amiga da minha família teve uma súbita necessidade de dinheiro (para um tratamento médico) e pediu-me 50 contos. Era quase tudo o que eu tinha, mas emprestei-lhos.
O pior veio depois: ficou bom de saúde, retomou a actividade, recompôs as finanças... mas o tempo foi-se passando - e nada de me pagar. Pior: comprou um carro e convidou-me a dar uma voltinha nele!!! Algum tempo depois, lá me pagou (mas sem juros, evidentemente).
--
Muito mais recentemente, um casal amigo começou a pedir dinheiro emprestado (a mim e à minha mulher). O problema só apareceu quando nos apercebemos de duas coisas: Antes de mais, não tencionavam pagar. Depois, continuavam (dentro do possível) a fazer a vida habitual, incluindo o consumo de cigarrilhas, whisky, TV-Cabo, óculos Rayban... Só nessa altura é que fechei a torneira de vez. __
O problema da Grécia (e, já agora, de Portugal) é semelhante:
Em ambos os casos, são países que gastam mais do que aquilo que produzem, e passam a vida a pedir dinheiro emprestado que "alguém" há-de pagar.
Está tudo muito bem enquanto houver quem empreste...
__
Retomando os 2 exemplos que eu dei:
No 1.º caso, não me importaria de voltar a emprestar - mas com juros e papel assinado.
Não é a mesma coisa emprestar dinheiro a Angola ou à Grécia, pois o que faz a diferença entre um empréstimo bom e um empréstimo mau são as garantias que o devedor dá ao credor.
Angola pode pagar em petróleo, em diamantes - e sei lá mais com quê! De certa forma, o empréstimo é como uma hipoteca: está disponível (e à vista) a garantia do pagamento.
E com a Grécia? O que dá ela aos credores como garantia de pagamento? Francamente, não sei.
===
E ainda:
Há uns anos, estive no Congo Brazzaville (ex-francês) e tive uma reunião com o ministro da Indústria. Apesar de grandes produtores de petróleo, estavam na penúria!!! (muitos funcionários públicos nem o ordenado recebiam). Perguntei porquê, e o ministro explicou-me que a produção de petróleo para os 2 anos seguintes já tinha sido vendida pelo presidente anterior que, com esse dinheiro, financiara a guerra civil!
E, no entanto, empresas portuguesas (uma das quais eu representava) davam-lhe crédito. O motivo estava "à vista": petróleo, madeiras, contratos de reconstrução, etc.
O problema de Angola é mais complicado do que isso: há muito, mas mesmo muito, capital Angolano em Portugal, nesta e naquela empresa.
Se um dia a familia Santos e os seus compinchas se lembram de ir embora, vai ser bonito...
A questão dos empréstimos é (não só, mas também), uma forma simpática de os manter por cá e, quem sabe, levá-los a investir um pouco mais num País amigo.
É que os diamantes de Angola não servem como garantia, mas sim para comprar percentagens da ZON!
Um empréstimo é BOM ou MAU (sob o ponto de vista do credor, evidentemente!) conforme as probabilidades de devolução são boas ou más.
E a devolução pode ser sob a forma de dinheiro ou não. A moeda de troca pode ser outra:
«Perdoamos-vos a dívida desde que o ministro 'tal' seja substituído; ou desde que determinada lei seja aprovada; ou que determinada fábrica tenha determinadas facilidades, etc.»
Quando, a seguir à 2ª Guerra, os americanos injectaram na Europa somas astronómicas, o "pagamento" era sob duas formas: Comprar equipamentos americanos e afastar a Europa Ocidental da Oriental.
9 Comments:
Acho que já o disse mas repito: estou confusa, não sei se chore, se ria.
Esta mãozinha de portugal foi bem dada!
E que tal, antes, a legenda «Portugal e Grécia de-braço-dado»
?
Se emprestamos a Angola, por que não emprestar à Grécia, que certamente mais precisa?
Xico: é que é mesmo isso.
Na Grécia, tanto quanto me é dado a conhecer, a terra não é muito fértil em diamantes e petróleo...
E se faz parte da UE, há que ser solidário (na medida ponderada e justa), da mesma forma que, talvez, um dia, vamos querer que sejam solidários connosco.
Há muitos, MUITOS anos, um namorado de uma senhora amiga da minha família teve uma súbita necessidade de dinheiro (para um tratamento médico) e pediu-me 50 contos.
Era quase tudo o que eu tinha, mas emprestei-lhos.
O pior veio depois: ficou bom de saúde, retomou a actividade, recompôs as finanças... mas o tempo foi-se passando - e nada de me pagar.
Pior: comprou um carro e convidou-me a dar uma voltinha nele!!!
Algum tempo depois, lá me pagou (mas sem juros, evidentemente).
--
Muito mais recentemente, um casal amigo começou a pedir dinheiro emprestado (a mim e à minha mulher).
O problema só apareceu quando nos apercebemos de duas coisas:
Antes de mais, não tencionavam pagar. Depois, continuavam (dentro do possível) a fazer a vida habitual, incluindo o consumo de cigarrilhas, whisky, TV-Cabo, óculos Rayban...
Só nessa altura é que fechei a torneira de vez.
__
O problema da Grécia (e, já agora, de Portugal) é semelhante:
Em ambos os casos, são países que gastam mais do que aquilo que produzem, e passam a vida a pedir dinheiro emprestado que "alguém" há-de pagar.
Está tudo muito bem enquanto houver quem empreste...
__
Retomando os 2 exemplos que eu dei:
No 1.º caso, não me importaria de voltar a emprestar - mas com juros e papel assinado.
No 2.º caso, nem pensar!
Já agora,
Não é a mesma coisa emprestar dinheiro a Angola ou à Grécia, pois o que faz a diferença entre um empréstimo bom e um empréstimo mau são as garantias que o devedor dá ao credor.
Angola pode pagar em petróleo, em diamantes - e sei lá mais com quê!
De certa forma, o empréstimo é como uma hipoteca: está disponível (e à vista) a garantia do pagamento.
E com a Grécia? O que dá ela aos credores como garantia de pagamento? Francamente, não sei.
===
E ainda:
Há uns anos, estive no Congo Brazzaville (ex-francês) e tive uma reunião com o ministro da Indústria.
Apesar de grandes produtores de petróleo, estavam na penúria!!! (muitos funcionários públicos nem o ordenado recebiam).
Perguntei porquê, e o ministro explicou-me que a produção de petróleo para os 2 anos seguintes já tinha sido vendida pelo presidente anterior que, com esse dinheiro, financiara a guerra civil!
E, no entanto, empresas portuguesas (uma das quais eu representava) davam-lhe crédito.
O motivo estava "à vista": petróleo, madeiras, contratos de reconstrução, etc.
O problema de Angola é mais complicado do que isso: há muito, mas mesmo muito, capital Angolano em Portugal, nesta e naquela empresa.
Se um dia a familia Santos e os seus compinchas se lembram de ir embora, vai ser bonito...
A questão dos empréstimos é (não só, mas também), uma forma simpática de os manter por cá e, quem sabe, levá-los a investir um pouco mais num País amigo.
É que os diamantes de Angola não servem como garantia, mas sim para comprar percentagens da ZON!
Pois, mas não há volta a dar:
Um empréstimo é BOM ou MAU (sob o ponto de vista do credor, evidentemente!) conforme as probabilidades de devolução são boas ou más.
E a devolução pode ser sob a forma de dinheiro ou não. A moeda de troca pode ser outra:
«Perdoamos-vos a dívida desde que o ministro 'tal' seja substituído; ou desde que determinada lei seja aprovada; ou que determinada fábrica tenha determinadas facilidades, etc.»
Quando, a seguir à 2ª Guerra, os americanos injectaram na Europa somas astronómicas, o "pagamento" era sob duas formas:
Comprar equipamentos americanos e afastar a Europa Ocidental da Oriental.
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