Espírito
Por João Paulo Guerra
PORTUGAL tem sina de ser governado com vista para o quintal.
O único país do Mundo e da História governado por um ditador que tinha um galinheiro no ‘bunker' governamental ficou amarrado a esse horizonte mesquinho, rústico e algo patético: a Dona Maria, ministra sem pasta, a verificar com o dedo mindinho se as galinhas tinham ovo, para saber com o que podia contar para equilibrar as finanças. Puro Fellini.
Claro que entretanto os tempos mudaram, como constatou recentemente o actual ocupante, embora não residente, de São Bento. Mudaram neste sentido: agora, os frangos nascem sem cabeça, são embalados sem entranhas e os ovos são postos pelos supermercados em embalagens cartonadas. (...)
PORTUGAL tem sina de ser governado com vista para o quintal.
O único país do Mundo e da História governado por um ditador que tinha um galinheiro no ‘bunker' governamental ficou amarrado a esse horizonte mesquinho, rústico e algo patético: a Dona Maria, ministra sem pasta, a verificar com o dedo mindinho se as galinhas tinham ovo, para saber com o que podia contar para equilibrar as finanças. Puro Fellini.
Claro que entretanto os tempos mudaram, como constatou recentemente o actual ocupante, embora não residente, de São Bento. Mudaram neste sentido: agora, os frangos nascem sem cabeça, são embalados sem entranhas e os ovos são postos pelos supermercados em embalagens cartonadas. (...)
Texto integral [aqui]
Etiquetas: autor convidado, JPG
7 Comments:
A parte final desta crónica (a propósito das economias da água nos tribunais) faz-me lembrar o que dizia um administrador de uma empresa, com quem em tempos trabalhei:
«O gestor incompetente caracteriza-se, entre outras coisas, por poupar nos tostões como se fossem milhões, e ao mesmo tempo gastar milhões como se fossem tostões»
Bunker governamental? O palácio de S. Bento no tempo de Salazar? Já muito depois do 25 de Abril tinha apenas um portão vulgaríssimo. Bunker?
PP Lapin vai salvar isto: torná-lo num salão de dança, cheio de lustres e cortinados de seda...
Resposta de JPG ao leitor "Impensado":
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«O leitor parece ter dúvidas sobre a existência da residência oficial de S. Bento no tempo de Salazar. Mas a verdade é que o palacete de São Bento foi adaptado a residência oficial do chefe do Governo por Salazar na sequência do fracassado atentado bombista de que o ditador foi alvo nos anos 30. E foi adaptado com características de bunker: muros altíssimos e GNR garantiam a segurança e preservavam a intimidade bucólica do ditador.
Portão vulgaríssimo nunca teve. Mas tinha um portão com grades, abertas, depois substituído pela chapa de aço que se mantém em vigor.
jpg»
O leitor conhece a história do palacete de S. Bento e muitas vezes por lá passou antes das modificações. Era um portão com grades que sempre achou semelhantes e muitos outros.
Por outro lado, o autor do post sabe bem o que é um «bunker» e a carga semântica que lhe está associada, de local fortificado, inexpugnável, etc. Não era esse o ambiente. O avô do Dr. Fernando Ulrich, já nos finais dos anos 30 passou uma vez pela residência do Prof. Salazar (de repente fiquei atento aos títulos académicos) e, tendo visto luz, bateu e foi o Prof. Doutor Salazar que veio à porta, o convidou a entrar e o levou para a cozinha para fazer chá. Na celebrada URSSS ou na Alemanha do tempo, ou até no democrático Portugal de hoje tal cena seria impensável - quanto mais não fosse por falta do necessário chá. A anedota serve para explicar que o uso de «bunker» para descrever o palecete de S. Bento pode provocar efeitos adversos aos pretendidos.
Resposta de JPG ao leitor "Impensado":
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«Com uma história assim - o prof. Salazar a vir abrir o portão em pessoa - não posso competir. A não ser contando o que me relatou o coveiro do cemitério onde jaz o ditador.
Perguntei-lhe - Então e o senhor conheceu-o em vida?
Resposta - Pois conheci. Ele vinha muitas vezes passear aqui pelas estradas, sozinho...
Pergunta - Ele passeava sozinho?
Resposta - Sempre sozinho, pela estrada. A polícia vinha pelo meio dos pinhais.
JPG»
Não sabia que era concurso, mas diga-se que Soares quando no governo ou na presidência passeava pelo Chiado, sem que se vissem polícias e acredito que lá não estivesse nenhum.
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