«Dito & Feito»
Por José António Lima
É RIDÍCULO, é quase anedótico, que um processo judicial com a importância social e política do caso Freeport, envolvendo o próprio primeiro-ministro, chegue ao fim sem nada apurar de relevante. E com listas de perguntas, 27 a José Sócrates e 10 a Pedro Silva Pereira, não efectuadas por falta de tempo (!) ou por obrigação, imposta pela directora do DCIAP, Cândida Almeida, de se encerrar apressadamente o caso. Este episódio é o espelho do imenso descrédito em que se atolou a Justiça portuguesa.
Ainda mais ridículo, se possível, é o espectáculo dado por um procurador-geral da República que só ao fim de quatro anos no cargo descobre que tem «os poderes da Rainha de Inglaterra». Pinto Monteiro é um PGR que sacode sempre as responsabilidades de cima do seu casaco (...)
Texto integral [aqui]É RIDÍCULO, é quase anedótico, que um processo judicial com a importância social e política do caso Freeport, envolvendo o próprio primeiro-ministro, chegue ao fim sem nada apurar de relevante. E com listas de perguntas, 27 a José Sócrates e 10 a Pedro Silva Pereira, não efectuadas por falta de tempo (!) ou por obrigação, imposta pela directora do DCIAP, Cândida Almeida, de se encerrar apressadamente o caso. Este episódio é o espelho do imenso descrédito em que se atolou a Justiça portuguesa.
Ainda mais ridículo, se possível, é o espectáculo dado por um procurador-geral da República que só ao fim de quatro anos no cargo descobre que tem «os poderes da Rainha de Inglaterra». Pinto Monteiro é um PGR que sacode sempre as responsabilidades de cima do seu casaco (...)
Etiquetas: autor convidado, JAL
3 Comments:
Ao contrário do que pensa muito boa gente, o caso Freeport não terminou - embora tenha havido apenas 2 acusações (Charles Smith e Manuel Pedro), elas abrem uma nova fase, também interessante.
E o motivo está à vista: se os acusados são-no por "corrupção activa", é natural que, em julgamento, queiram esclarecer quem foram os "corruptos passivos".
Ou seja: a quem é que (segundo eles) deram o dinheiro.
E esse dinheiro não é nada pouco pois, só em notas, "voaram" quase 500 mil euros.
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Em tempos, Nuno Rogeiro resumiu o problema em 2 frases:
1ª- «Nós só queremos saber a verdade...»
2ª- «...mas queremos saber a verdade TODA»
E esse "TODA" faz "toda" a diferença, pois já se percebeu que, dados os escaldantes contornos político-partidários do caso, há quem só queira saber a parte da verdade que lhe convém.
É o habitual nesses casos (a matilha não dorme!), mas não é sério.
Bem... Parece que, afinal, os 2 acusados não o são por corrupção activa. Esclarece JPP:
«De fora ficaram dois acusados de “extorsão”, visto que acusá-los de corrupção tinha o problema de deixar sempre em aberto o caso do corrompido»
Ou seja: eles são acusados de terem "sacado umas massas" à casa-mãe do Freeport, sob pretexto de que era para subornar portugueses. São acusados, pois, de terem ficado eles com o dinheiro.
Talvez sim, talvez não.
É a tal coisa da "verdade TODA" que, esperamos, venha aí. Mas o melhor é esperar sentado!
Já não há área da nossa sociedade, principalmente as instiuições, em que o ridículo não tenha colocado amarras.
Desde a justiça à comunicação social, passando, não de raspão, pela política, o ridículo é a massa da qual é feito o pão de cada dia.
Podemos, simplesmente, culpar os protagonistas pela situação caricata a que este lugar mal frequentado, a que chamamos Portugal, chegou? Não é nossa a responsabilidade da escolha de quem nos governa? Não é nosso este nacional-porreirismo do deixar arder até que o fogo nos rilhe os calcanhares?
Gostaria imenso de poder apresentar a factura aos "outros" com igual desenvoltura, não fosse o caso de me condenar o espelho que me reflecte.
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