E depois?
Por João Paulo Guerra
OS PORTUGUESES vão acabar por entender, perante esta etapa da crise e face à brutalidade das medidas de austeridade, que tanto lhes faz como lhes fez votar PS ou PSD.
As políticas dos dois partidos são idênticas, apenas divergindo em questões de luta pelo poder. O PSD não está em desacordo com o Orçamento do PS: está a fazer o seu número de prestidigitação para tirar um Coelho da cartola, ao mesmo tempo que procura que seja o PS a fazer o trabalho sujo, que lhe desbaste o caminho. Enquanto isto, o PS vai tentando diferenciar-se do PSD invocando a defesa do Estado Social, com o que poderá enganar mais uns tantos que acreditem que o Estado Social se defende com um Orçamento intermediado pelos bancos (...)
Texto integral [aqui]
OS PORTUGUESES vão acabar por entender, perante esta etapa da crise e face à brutalidade das medidas de austeridade, que tanto lhes faz como lhes fez votar PS ou PSD.
As políticas dos dois partidos são idênticas, apenas divergindo em questões de luta pelo poder. O PSD não está em desacordo com o Orçamento do PS: está a fazer o seu número de prestidigitação para tirar um Coelho da cartola, ao mesmo tempo que procura que seja o PS a fazer o trabalho sujo, que lhe desbaste o caminho. Enquanto isto, o PS vai tentando diferenciar-se do PSD invocando a defesa do Estado Social, com o que poderá enganar mais uns tantos que acreditem que o Estado Social se defende com um Orçamento intermediado pelos bancos (...)
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4 Comments:
Depois, entre outras coisas, os "boys" continuarão nos "poleiros"/"tachos" (por exemplo: rádios e jornais), dizendo/escrevendo as suas palavras carregadas de "verdades moralistas". Mas...
Dessa dissimulação bipolar
de um orçamento farfalhado
fica o risível esfarelar
deste desgoverno pandilhado.
Com todos os motores gripados
da recessão não podemos chispar,
ficaremos mais esfarrapados
e, quiçá, sem vinténs para poupar.
Desse consenso putrificado
em ignóbeis doses cavalares
brota um futuro encharcado
de sordidezes tentaculares.
Epílogo
Num país tão endividado
após décadas delirantes,
este regime malfadado
faz de nós pobres figurantes...
São tantos gatos escondidos
atrás de abundantes milhões,
nestes anos tão iludidos
por mentirosos e trapalhões.
Nem mais! É isso mesmo!
Eu também pensava que o PSD ia ficar à espera que o governo se afundasse no paul que criou, para depois aprovar o orçamento com a sua abstenção, o que é justo mas que no entanto sabe a pouco vindo do maior partido da oposição.
Mas, ao ouvir ontem as notícias, parece que, afinal vamos ter mais do que isso.
O PSD prepara-se para apresentar medidas à mesa de negociações. Medidas para acabar com empresas públicas e público-privadas (autêntico sorvedouro de dinheiro público), o que permitiria reduzire o aumento previsto no irs de dois pontos para um.
O governo não tem margem para intransigências e se considera a aprovação do orçamento essencial (como é), não pode deixar de aceitar estas medidas do PSD, sob pena de se contradizer. Mais vale um mau orçamento que nenhum. Pois bem, o governo, que tão responsável se arroga, não poderá deixar de aceitar a negociação e o PSD inverte desta forma as posições.
Não há problema. Lá para o meio do ano de 2011 virão mais cortes nos salários, e também cortes nas pensões e despedimentos na função pública. É só fazer contas: como é que se chega a um défice de 4%? e pôr os olhos na Roménia (que é um país muito mais próximo da maneira de ser luso do que a Espanha, Irlanda, Grécia).
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