5.2.11

Semáforos armadilhados

Por Antunes Ferreira

UNA MOEDINHA, tenho fome. E faz com a mão que leva à boca, o gesto característico. Pelo acento, reconheço a nacionalidade do homem: é romeno. Agarra um pequeno maço da Cais e do Borda d’Água, o trivial. Com a janela fechada, nunca é de fiar, faço-lhe sinal que não quero. O semáforo continua no vermelho. Baixo o vidro: Mulţumesc, dar nu vreau. Muito obrigado, mas não quero.

Olha-me, espantado e avisa os outros membros do clã: Uite, el vorbeşte română. Olhem, ele fala romeno. O pessoal, atrás, começa a apitar; como continuo a ser parvo, chego-me ao passeio para o esclarecer: eu nu vorbesc limba română, dar am înţeles. Eu não falo a língua romena, mas compreendo um pouco, puţin. São quatro estrategicamente colocados a cada esquina. Una moedinha, va rogam sa, por favor. Deixo um euro e safo-me. La revedere, adeus. (...)
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