20.4.11

A esquerda

Por Maria Filomena Mónica

DESDE 1974 que voto no Partido Socialista. Por isso me entristece o que lhe tem acontecido. Ao longo dos últimos seis anos de governação, o Primeiro-Ministro teve uma única ideia, o «plano tecnológico», e até essa é um disparate. Além disso, mentiu, mentiu e voltou a mentir. Não se pense que foi uma doutrina que me empurrou para a esquerda. A proeza ficou a dever-se ao comportamento da direita nacional. O Portugal dos anos 1950 era de tal forma desigualitário que me era impossível aceitar pacificamente a minha posição social. Os adultos podiam – e tentaram – explicar-me que «pobres sempre os teríamos entre nós», lição que nunca entrou na minha alma. Os amigos de infância ainda me consideram «comunista», enquanto os colegas universitários pensam que sou «reaccionária»: os primeiros porque me preocupo com as desigualdades sociais, os segundos porque valorizo o mérito (...)

Texto integral [aqui]

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6 Comments:

Blogger Teófilo M. said...

Tenho sempre uma estranha sensação quando se pede a cabeça de uma só pessoa numa desgraça colectiva!
Ouço citar o nome de Sócrates sobre tudo e apesar de tudo, seja sobre o que fez, sobre o que deveria ter feiro, sobre o que não fez e sobre o que desagradou.
É estranho!
Parece que o homem esteve sózinho a governar, a pensar, a inovar, a produzir, a decidir, a julgar, a condenar, a gastar, a legislar, a presidir... todos os outros, pelos vistos, não fizeram nada.
Não será por isso de estranhar que o País esteja onde está, se só um fez tudo como seria possível não irmos todos ao fundo!

20 de abril de 2011 às 17:03  
Blogger José Batista said...

E se "mentiu, mentiu e voltou a mentir"...

[Será que sim? Ná, ele era lá capaz disso!]

Oh, como eu tenho dúvidas!, será que mentiu sozinho?
Os que o acompanhavam, os que (quase) lhe chamam "querido líder", não mentiram (mentem) nada?
E os que o elegeram, não mentiram (pelo menos) a si próprios?
- Não, porque há mentiras que só estão ao alcance de seres superiores.

Que o país tem sabido (e querido) merecer.

Saibamos (também) estar gratos.
A barca vai ao fundo. Pois que vá.
Passaremos mal, muito mal. Pois que passemos.

Mas que não se toque nos nossos líderes. Eles somos nós, perfumados e vestidos de "armani".
Ou lá o "armanço" que é...

20 de abril de 2011 às 22:57  
Blogger Bartolomeu said...

Muitas vezes cogito; o que aconteceria se alguém completamente íntegro, profundamente verdadeiro e inteiramente disposto a tudo fazer, a todas as medidas e decisões tomar, para emendar o que todos sabemos estar mal na política, na administração, na sociedade em geral, se propuzesse a governar o país...
Sempre que penso nisto, sinto que não consigo imaginar a eleição democrática, por sufrágio universal, dessa pessoa. Mesmo que, todos sem excepção, tivessem a capacidade intelectual e a visão necessárias para compreender o alcance dessa eleição.
;)

21 de abril de 2011 às 08:09  
Blogger José Batista said...

Claro que não, caro Bartolomeu.

Crucificá-lo-íamos (de qualquer maneira moderna) bastante antes dos 33 anos.

Não sei se foi por isso que um dia ouvi a um (meu) professor de Coimbra: "o Homem é a única aberração da natureza"

E no entanto, a Vida e o Ser humano têm coisas extraordinariamente bonitas.

Os Deuses (se os houver) que expliquem. Em terráqueo...

21 de abril de 2011 às 09:47  
Blogger Bartolomeu said...

No mínimo, isso, caro José Batista.
De resto, seria sempre infinitamente mais fácil, servindo-nos do alibi "já fizemos isto antes".
E assim vamos andando, tropeçando nos próprios passos...
;)

21 de abril de 2011 às 10:18  
Anonymous Anónimo said...

Aquele que "tem um passado de democrata, espessura intelectual e uma honestidade à prova de bala" foi e continua a ser apoiante de Sócrates. Remember, blondíssima?

26 de abril de 2011 às 19:41  

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